Rio+20: UBM lança carta em defesa do meio ambiente

Antecedendo a participação na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), o 1º Seminário Nacional de Meio Ambiente da UBM, realizado nos dias 27 e 28 de abril, em Curitiba (PR), foi uma demonstração do protagonismo histórico das mulheres.

fotos: diovulgação UBM

Os conceitos básicos relacionados à questão ambiental, as contradições presentes na possível criação de uma agência ambiental Internacional da ONU nos moldes da Organização Mundial do Comércio (OMC), passando pela tentativa da saída da crise do capitalismo, via “Economia Verde”, foram alguns dos temas debatidos pela União Brasileira de Mulheres (UBM) durante o evento – 1º Seminário Nacional de Meio Ambiente da UBM: Mulheres do Campo, da Cidade e da Floresta em Defesa da Justiça Social e Ambiental”.

As participantes puderam ter a chance de se preparar para participar da Cúpula dos Povos da Rio+20, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em Junho, no Rio de Janeiro.

A carta da UBM, documento elaborado após o seminário, registra os principais posicionamentos da entidade em relação aos 25 pontos elencados no “Documento de Contribuição Brasileira à Conferência Rio+20”. A carta traz os apontamentos das ubemistas para o combate à erradicação da pobreza extrema, segurança alimentar e nutricional, equidade, acesso à saúde, trabalho decente, emprego, educação, cultura, gênero e empoderamento das mulheres, promoção da igualdade racial, dentre outros temas que compõem o documento do governo brasileiro. O material visa mobilizar as mulheres e a população de modo geral sobre a importância da discussão da temática ambiental.

Para a coordenadora nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM), Elza Maria Campos, a tarefa da entidade é fortalecer esse debate dentro da própria entidade, uma vez que a UBM realizará oficina dentro da Cúpula dos Povos.

“Assim como os demais movimentos sociais que estarão participando deste processo, a UBM quer garantir a efetivação de um novo projeto nacional de desenvolvimento, mostrando que almeja construir coletivamente um projeto de nação com concepção civilizatória, isto é, que inclua o respeito às diversidades e biodiversidades presentes na sociedade planetária. Registramos a defesa da vida, a participação das mulheres na luta contra a crise capitalista e ambiental e queremos envolver a sociedade na discussão numa perspectiva societária que supere o atual modelo capitalista, pois este se mostra ineficiente em relação ao desenvolvimento sustentável que defendemos”, destacou.

A carta também aborda assuntos relacionados aos aspectos econômicos, o que está diretamente ligado com a questão ambiental. Segundo a coordenadora do seminário da UBM, a doutora em Meio Ambiente e Desenvolvimento e secretária de Defesa do Meio Ambiente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Laura Jesus de Moura e Costa, a economia verde, que estará em debate na Rio+20, surge como uma alternativa do sistema capitalista mundial, mas não é. Apenas se reveste de faceta ambiental para dizer que está preocupado com as crises alimentar, energética, climática e econômica do planeta. A crise ambiental é parte da crise do capitalismo. A consciência sobre os problemas ambientais é crescente em todo o planeta, mas as propostas de enfrentamento são assimétricas, principalmente porque estão ligadas aos interesses geopolíticos dos países ricos que têm posição hegemônica nas relações mundiais de poder. A Rio+20 pode se converter em um processo mundial de forte mobilização, que fortaleça as lutas e resistências pela sobrevivência através da construção de alternativas não-capitalistas como a soberania alimentar”, observou.

A UBM e a Cúpula dos Povos

As organizações da sociedade civil e os movimentos sociais e populares de todo o Brasil e do mundo vão participar do processo que culminará na realização, de 15 a 23 de junho de 2012, da Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental – Contra a Mercantilização da Vida, em Defesa dos Bens comuns, evento paralelo à conferência oficial da ONU, a Rio+20. A Cúpula é fruto de acúmulos históricos das lutas territoriais locais, regionais e globais dos diversos movimentos sociais em defesa dos bens comuns materiais e imateriais.

A oficina inscrita pela UBM na Cúpula, chamada ”O Olhar das feministas emancipacionistas no marco da luta anticapitalista, antirracista e antihomofóbica: O mundo que queremos construir com justiça social e ambiental”, está prevista para o dia 21 de junho. Antes disso, no dia 18 de Junho, a UBM participa do “Ato Unificado das Mulheres”, uma ação mundial que deverá acontecer simultaneamente, em qualquer lugar do Brasil e do mundo. Esta mobilização – em conjunto com as organizações feministas – terá foco na justiça e direitos para as mulheres e o enfrentamento ao capitalismo.

As palestas do seminário foram proferidas pela senadora do Vanessa Grazziotin (PcdoB/Amazonas), o presidente do Instituto Nacional de Defesa do Meio Ambiente (INMA), Aldo Arantes, a Secretária-Adjunta Nacional de Juventude, Ângela Guimarães, a coordenadora geral do Centro de Estudos, Defesa e Educação Ambiental (Cedea) e também ubemista, Laura Jesus de Moura e Costa, e, dentre outros, a coordenadora de Relações Internacionais da UBM, Maria Liege Santos Rocha.

Nota da UBM

Para o feminismo emancipacionista defendido pela UBM e que será também ponto de debate na Cúpula dos Povos, interessa alternativas que ultrapassem o modo de produção capitalista. Estas devem criar condições ambientais para a continuidade da vida humana em condições saudáveis, mas também possibilitar a alteração das relações sociais, proporcionando condições de igualdade entre homens e mulheres, negras e brancas. A verdadeira emancipação da mulher só ocorrerá em uma nova sociedade, erguida e regida pelas mulheres e pelo conjunto dos trabalhadores. Porém, mesmo em uma nova sociedade, será necessário romper com as amarras culturais machistas e patriarcais que impedem a verdadeira emancipação social.

Clique aqui e acesse o conteúdo da Carta da UBM em defesa do Meio Ambiente Sustentável

Fonte: UBM