Movimentos desembarcam na Cúpula dos Povos e Rio+20

Os movimentos sociais já desembarcam na cidade do Rio de Janeiro com suas propostas para um mundo mais sustentável para que homens e mulheres possam se desenvolver respeitando o meio ambiente. Na programação da Cúpula dos Povos, que começou na sexta-feira (15) há oficinas, debates, palestras, conferências, além de inúmeras apresentações culturais.

A União Brasileira de Mulheres (UBM) foi uma das primeiras entidades que se fez presente na grade de programação. Na quarta-feira (13), às 10h, a oficina “Sementes que transformam. Mulheres e Meio Ambiente”, atraiu o público da Rio+20. Coordenada pela artista plástica e ubemista Graciela Scandurra”, o evento já havia sido realizado durante o “1º Seminário Nacional de Meio Ambiente da UBM – Mulheres do Campo, da Cidade e da Floresta em Defesa da Justiça Social e Ambiental, nos dias 27 e 28 de abril, em Curitiba.

O evento marcou os apontamentos das ubemistas sobre a importância da sustentabilidade do planeta e justiça socioambiental. Ao final do encontro, que preparou as mulheres para a Cúpula dos Povos, foi produzido um documento que expressa o posicionamento da entidade.

A oficina será novamente realizada neste domingo (17), das 11h às 13h, no Píer Mauá (avenida Rodrigues Alves, 10, Praça Mauá, que acontece parte dos eventos da Rio+20. Conceitos básicos relacionados à questão ambiental, as contradições presentes na possível criação de uma agência ambiental internacional da Organização das Nações Unidas (ONU), nos moldes da Organização Mundial do Comércio (OMC), passando pela tentativa da saída da crise do capitalismo a partir da chamada economia verde.

A entidade também fará atividade na terça-feira (19), às 9h. A oficina "O olhar das feministas emancipacionistas no marco da luta anticapitalista, antirracista e antihomofóbica", acontecerá na Tenda 14 ( Sala Eliane de Grammond, no Aterro do Flamengo. A atividade será coordenada pela coordenadora da UBM-RJ e integrante da Executiva Nacional da UBM, Helena Piragibe, a secretaria de Relações Internacionais da UBM, Liege Rocha, e a integrante da UBM-PR, Maria Isabel Corrêa. Também contará com discussões de ações de combate ao racismo e propostas pela representante da União dos Negros e Negras por Igualdade (Unegro), Dilcéia Quintela.

A Unegro realizou a oficina “Negros e negras compartilhando o poder” na sexta-feira (15), na sala 10 da Tenda Doralice Folador, no período da tarde. O historiador Edson França, presidente da entidade, coordenou o trabalho, que debateu o meio ambiente sob a ótica do desenvolvimento sustentável e soberano. “Abordamos a presença do negro nos espaços de poder. É preciso pensar essa atuação como um projeto nacional de desenvolvimento”, disse Edson França ao Vermelho.

Com as atividades, as mulheres pretendem fortalecer sua participação política no processo em que chefes de Estado de 198 países discutem os desafios e as alternativas para a superação dos principais problemas mundiais na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.

Ato Unificado

Assim como os demais movimentos sociais que participam de todo o processo da Cúpula, a UBM quer garantir a efetivação de um novo projeto nacional de desenvolvimento, mostrando que almeja construir coletivamente um projeto de nação com concepção civilizatória, isto é, que inclua o respeito às diversidades e biodiversidades presentes na sociedade planetária. Para tanto, participa da manifestação feminista da Cúpula dos Povos, que será realizada na segunda-feira (18), às 10h, no Museu de Arte Moderna (MAM), com a caminhada até o Largo da Carioca. Neste ato público, a UBM vai reafirmar o seu posicionamento crítico em relação às propostas do capital, representada pela chamada economia verde, como modelo de combate à crise ambiental e econômica na atualidade.

“Ela [economia verde] apenas se reveste de faceta ambiental para dizer que está preocupado com as crises alimentar, energética, climática e econômica do planeta. A Rio+20 pode se converter em um processo mundial de forte mobilização, que fortaleça as lutas e resistências pela sobrevivência através da construção de alternativas não-capitalistas, baseadas em um paradigma que, de fato, garanta a sustentabilidade da vida planetária”, defendeu Helena Piragibe.

Conam na Rio+20

Uma grande mesa composta por integrantes do movimento de moradia será formada na quinta-feira (21), entre 11h e 15h, na Arena da Barra, onde se concentram parte das atividades da Rio+20. A atividade “Reforma Urbana pelo Direito à Moradia, Saneamento, Água e Energia com Sustentabilidade”, faz parte da segunda etapa da Conferência das Nações Unidas sobre Sustentabilidade (Rio+20), os Diálogos Sociais, que abrirá para a participação da sociedade civil. Entre as entidades organizadoras, a Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam).

“Haverá uma mesa bastante rica, com presença de lideranças internacionais do movimento para discutir não somente moradia, mas também a questão da energia, da água e do saneamento, temas transversais ao movimento, bastante relevantes para a reforma urbana”, explicou Bartíria perpétua Lima da Costa, presidenta da Conam.

As atividades na Arena da Barra estão dividas em três salas principais e acontecem até sexta-feira (22), das 10h às 19h, e está localizada na Avenida Embaixador Abelardo Bueno, 3401, Barra da Tijuca. Algumas palestras terão tradução para inglês e espanhol. Na sala 1 a programação abrange mais de 10 eventos, sendo quatro sobre acessibilidade. Entre os temas abordados estão também a relação de juventude com a sustentabilidade, reciclagem, economia e a discussão sobre reservas particulares.

Na Sala 2, um dos temais mais tratados será o transporte sustentável, bem-estar animal, potencial de crédito de carbono na caatinga, a relação entre moda e sustentabilidade e a discussão entre biodiversidade e gestão do meio urbano. Já na Sala 3, os temas relacionados à sustentabilidade no meio rural são o foco dos debates como uma palestra que vai explicar o que é pegada ecológica, além de abordar temas como florestas alagadas, a recuperação de áreas degradadas pela mineração e o Projeto Recicla Tecido.

A Conam estará também na atividade “Combate à Mercatilização e Privatização da Água e do Saneamento”, como participante e ouvinte, juntamente com a Frente Nacional de Saneamento, Liberte (entidade francesa). A atividade, que acontecerá na segunda-feira (18), das 9h às 11h, na Tenda Dandara da Cúpula dos Povos (no Aterro do Flamengo), é organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Federação Nacional dos Urbanitários (FNU).

Deborah Moreira
Da redação