Honduras: 2.752 assassinatos em quatro meses

Mais de 2.750 pessoas morreram assassinadas em Honduras, em apenas quatro meses, apesar da Operação Relâmpago, implementada desde novembro para frear a criminalidade no país.

De acordo com o Observatório da Violência, grupo da Universidade Nacional Autônoma de Honduras, as mortes violentas atingiram uma média de 18,11 pessoas por dia.

Esta cifra é quase similar aos 19 assassinatos que é a média diária registrada antes da Operação Relâmpago, em virtude da qual 14 mil policiais e 400 soldados patrulham as zonas mais afetadas pela criminalidade no país.

O governo do presidente Porfirio Lobo mobilizou estas forças após o escândalo provocado pela execução a sangue frio de dois jovens universitários, no dia 22 de outubro de 2011, por polícias membros de grupos dedicadas ao crime, roubo, sequestro e extorsão.

Decorridos quase seis meses, estas organizações do crime organizado seguem praticamente intactas e os policiais membros destas continuam em postos de comando, denunciou o Observatório da Violência.

Pouco após o duplo crime contra os universitários, também morreu baleado o analista político e especialista em temas de narcotráfico Alfredo Landaverde, sem que até a data tenham sido determinadas responsabilidades a esse respeito, acrescentou o grupo, em seu último relatório.

A impunidade que rodeia ambos os casos contradiz as afirmações do presidente Lobo, que assegurou que o governo colocaria todo o seu empenho em esclarecer estes fatos e pediu à população que mantenha a fé de que os delinquentes seriam vencidos com a Operação Relâmpago.

O Herald, jornal hondurenho, afirma que a violência agora migrou para outras zonas. Não obstante, em março de 2012, aprovou-se no Conselho de Ministros um decreto para estender por mais 90 dias a estratégia de segurança, questionada porque não ataca fatores desencadeadores da violência, como a pobreza, o desemprego, e outros.

"Este programa não combate os pistoleiros, modalidade que gera mais assassinatos e sobre os quais as patrulhas carecem de efeito, porque as vítimas são selecionados antes do crime, junto às rotas e aos locais", opinou a diretora do Observatório, Migdonia Ayesta.

Para a reitora da UNAH, Julieta Castelhanos, os péssimos resultados da política anticriminal de Lobo são fruto da falta de órgãos de inteligência devidamente preparados no território.

Honduras fechou o ano de 2011 com 7.104 mortos, tornando-se a nação mais violenta no mundo, inclusive acima de outras em guerra ou com maior presença do narcotráfico, assinalou o Comissariado de Direitos Humanos.

Com Prensa Latina