UE se nega a rever pacto fiscal condenado nas urnas
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, disse nesta quinta-feira (8) que os países do bloco não irão renegociar o pacto fiscal do continente. A declaração segue no caminho antipopular, ratificando uma política que tem sido condenada nas urnas em vários países, como recentemente na França e na Grécia.
Publicado 09/05/2012 13:37
O acordo assinado por 25 dos 27 países membros da UE estava em fase de ratificação, mas agora está ameaçado, uma vez que o novo presidente da França, François Hollande já anunciou que não concorda com os termos do plano de estabilização, que prevê o corte de gastos públicos e aumento de impostos. A revisão do pacto enfrenta principalmente a oposição da Alemanha de Angela Merkel. O impasse é mais uma mostra das contradições existentes no bloco europeu.
Segundo o presidente do órgão executivo da UE, as políticas de estabilização não são incompatíveis com o crescimento e a geração de empregos, mas as medidas adotadas para isso não serão financiadas por um novo endividamento, nem à custa de inflação.
Em um debate na TV alemã, Durão Barroso também rejeitou a possibilidade de revisão do acordo de ajuda financeira à Grécia. “Temos que respeitar a democracia na Grécia, mas também a democracia nos outros 16 Estados-membros (da zona do euro), que se comprometeram e agora não estão dispostos a mudar esse compromisso”, disse o presidente do órgão executivo da UE.
As recentes eleições na França e na Grécia derrubaram governos defensores de medidas de austeridade fiscal para equilibrar as contas públicas, mesmo que a custa do aumento do desemprego e do corte de benefícios sociais. No caso da Grécia, a formação de um novo governo ainda é incerta, pois nenhum partido alcançou um número suficiente de deputados para conseguir maioria, e rivalidades políticas impedem um governo de coalizão.
Principal vencedora da votação do último domingo, a frente de esquerda Syriza, recebeu nesta terça-feira da Presidência da República a incumbência de buscar uma coalizão de governo, mas a aritmética parlamentar não o favorece. O grupo é contra o plano de ajuda imposto pela União Europeia.
O novo Parlamento, de 300 cadeiras, está dominado, em ordem decrescente, pelos partidos Nova Democracia (108 deputados, 50 de graça por ser a legenda mais votada), Syriza (52), social-democrata Pasok (41), nacionalista Gregos Independentes (33), Partido Comunista (26), neonazista Amanhecer Dourado (21) e centro-esquerda Dimar (19).
"Poderia ser mais fácil a formação de um governo de esquerda se a lei eleitoral não oferecesse um presente de 50 cadeiras ao primeiro partido", disse Alexis Tsipras, líder do Syriza. Ele já avisou que utilizará o prazo máximo de três dias que tem por lei para buscar alianças, ao contrário dos conservadores da Nova Democracia (ND), que nesta segunda-feira demoraram pouco mais de cinco horas para anunciar o fracasso em sua tentativa de formar um governo de união nacional.
Com Opera Mundi