A seis meses da eleição, Obama defende casamento gay

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tornou-se nesta quarta (9) o primeiro presidente norte-americano a anunciar publicamente seu apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em entrevista à emissora ABC, a seis meses da eleição na qual tenta um novo mandato, Obama disse que sempre defendeu que gays e lésbicas deveriam ser tratados de forma justa.

"Para mim, pessoalmente, é importante dizer que eu acredito que os casais do mesmo sexo devem poder se casar", afirmou, em trecho da entrevista divulgado pela emissora. Ele ressaltou, no entanto, que cabe aos Estados se decidirem. Obama disse que inicialmente pensava que a aprovação de uniões civis seria suficiente para a comunidade homossexual.

Obama chegou a esta conclusão após uma longa reflexão, depois de ter conversado "com amigos, familiares, vizinhos" e de ter visto "membros da equipe que mantêm relações homossexuais monogâmicas muito estreitas e criam seus filhos juntos". Também mencionou os militares homossexuais que se sentem "limitados (…) porque não podem se unir em matrimônio".

O presidente também afirmou que havia conversado com estudantes republicanos que, mesmo manifestando suas divergências em relação a sua política econômica ou diplomática, "acreditavam na igualdade" em matéria de direitos dos homossexuais. Ele ressaltou também que suas filhas "Malia e Sasha têm amigos cujos pais são do mesmo sexo". Tratar diferentemente os homossexuais "não tem sentido algum, para elas, e francamente, isso muda a perspectiva" sobre esse debate, considerou.A íntegra da entrevista seria televisionada nesta quinta (10).

A declaração surge como uma grande vitória para comunidade gay, lésbica e transexual (LBGT) dos EUA, que, há anos, pede para que o presidente se engaje na luta pela igualdade matrimonial.

Há meses, o presidente democrata, que havia se manifestado em favor das parcerias civis em 2008, sem ter apoiado até então o casamento entre pessoas do mesmo sexo, se contentava a explicar que a sua posição a respeito deste tema estava "em evolução".

No último domingo (6), o vice-presidente Joseph Biden concedeu entrevista à emissora NBC e se disse confortável com o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No dia seguinte, a secretária da Educação, Arne Duncan, expressou o mesmo posicionamento.


Apesar de uma pesquisa ter indicado que metade dos americanos apoia o casamento gay, muitos estados dos EUA permanecem conservadores no que diz respeito à extensão de direitos civis para a comunidade homossexual. Na tarde desta terça-feira (8) o estado da Carolina do Norte aprovou uma emenda em sua constituição que define como casamento apenas a união de um homem com uma mulher. Em trinta estados há normas semelhantes. O presidente aproveitou a oportunidade para expressar seu desapontamento com a decisão.

O Departamento de Justiça do americano já interrompeu sua tentativa de comprovar a constitucionalidade da Lei de Defesa do Casamento, aprovada no governo Bush, que define casamento enquanto uma união legal entre homens e mulheres.

Tabu para os conservadores do Partido Republicado, e mesmo entre alguns democratas -considerados mais liberais em questões de direitos humanos -, o tema entrou agora na agenda eleitoral. Que impacto terá, é difícil dizer, já que uma pesquisa divulgada na terça mostra que os norte-americanos estão muito divididos sobre o assunto: 50% são a favor, e 48% são contra.

Com agências