Aldo Rebelo e Luís Fernandes: A oportunidade da Copa

A Copa do Mundo é a joia da coroa do futebol. Além de ser assistida por metade da humanidade, garante ao país anfitrião a classificação automática para disputá-la e vantagens comparativas para vencê-la.

Por Aldo Rebelo* e Luís Fernandes**

Mas também pode fomentar um furacão desenvolvimentista, forjando obras, inovações tecnológicas, aperfeiçoamento de serviços, qualificação profissional e políticas sociais abrangentes. O resultado é o que se convenciona chamar de legado social: a Copa catalisa inúmeros benefícios que extrapolam o efêmero mês dos jogos e se perpetuam como conquistas populares.

Estima-se que a reforma ou construção de estádios, hotéis e aeroportos, a generalização da tecnologia 4G para as telecomunicações, as obras de mobilidade urbana que vão servir à população das cidades e a geração quase ilimitada de oportunidades de negócios para pequenas e médias empresas acrescentarão cerca de R$ 180 bilhões ao PIB nacional até 2019.

Há ainda benfeitorias variadas – miúdas umas, como o curso de inglês para balconistas do Mercadão de São Paulo, grandiosas outras, a exemplo do projeto da rede de pesquisa de neurociências encabeçada pelo professor Miguel Nicolelis, que torna possível que uma criança deficiente dê o pontapé inicial do jogo inaugural da Copa de 2014.

Tamanha torrente de benefícios inexoravelmente comporta problemas e desafios proporcionais à sua magnitude. A transparência (e, com ela, o escrutínio da imprensa) não é promessa, mas fato.

Existe uma matriz de responsabilidades que estabelece um pacto de obrigações entre os entes da Federação para assegurar a boa e eficiente preparação do grandioso evento.

A Controladoria-Geral da União mantém um portal na internet acompanhando todas as obras e contratos. Os tribunais de contas, a começar pelo Tribunal de Contas da União, exercem com denodo e espírito público sua função fiscalizadora.

O governo federal desempenha o seu papel de coordenação e execução, em associação com os governos estaduais e municipais, a Fifa e o Comitê Organizador Local da Copa.

Não se pode esperar da Copa o poder miraculoso de remover instantaneamente antigas deformidades nacionais (ao contrário, é bem-vinda também por expô-las e forçar correções), mas convém repetir que o Estado e a nação brasileiros já superaram desafios de igual ou maior magnitude em condições mais adversas do que as de hoje, incluindo a vitoriosa organização da Copa de 1950.

Estamos absolutamente seguros de que as obras essenciais estarão prontas para atender, com eficiência e qualidade, as necessidades da Copa de 2014 e mesmo da Copa das Confederações de 2013.

Ao final desses torneios, o Brasil contará com estádios à altura da excelência do seu futebol e da paixão da sua torcida. Alguns nos brindarão com inovações adicionais, como criativas soluções de sustentabilidade ambiental, conforto, segurança e acessibilidade.

O Brasil é o único país a participar das 19 edições da Copa do Mundo, o único a conquistar o torneio cinco vezes, além de ostentar Pelé como o maior jogador de todos os tempos e Ronaldo na condição de principal artilheiro de todas as Copas.

O Brasil saberá encantar, surpreender e mobilizar o mundo na Copa de 2014. Esperamos que a nossa seleção consiga fazer o mesmo dentro de campo.

* Aldo Rebelo (PCdoB-SP) é ministro do Esporte

** Luís Fernandes é secretário-executivo do Ministério do Esporte

Fonte: Folha de S. Paulo