OEA deveria ser substituída pela Celac, diz Noam Chomsky

O filósofo e ativista estadunidense, Noam Chomsky, estima que a negativa de Washington de debater temas como o fim do bloqueio contra Cuba ou a reformulação das políticas antidrogas “poderia conduzir ao deslocamento da Organização dos Estados Americanos pela recentemente formulada Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac)”.

O linguista e filósofo Noam Chomsky, para quem a OEA poderá ser substituída pela Celac

Em sua coluna publicada no diário Últimas Noticias, Chomsky falou sobre o fracasso da recente Cúpula das Américas, que terminou sem um acordo final pela postura obstrucionista dos Estados Unidos e Canadá frente a Cuba e a possibilidade de abordar o uso de drogas como um problema de saúde pública e não de caráter unicamente coercitivo.

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No entanto, o linguista destacou que as reuniões, realizadas nos dias 14 e 15 de maio em Cartagena das Índias, “expuseram que a intransigência estadunidense não será tolerada muito tempo”.

Para Chomsky, é neste contexto que a Celac pode assumir um protagonismo especial na região, tendo em vista que é uma organização que une todos os países do hemisfério sem a presença hegemônica dos EUA e do Canadá.

O professor ressaltou que a obstinação da posição de Washington diante de Havana se sustenta na política de ingerência da Doutrina Monroe, com a qual justificou as inumeráveis violações aos Direitos Humanos do povo cubano, que durante mais de meio século “sofreu especialmente com ataques terroristas e estrangulamento econômico como castigo por sua independência”.

Por outro lado, considerou que a negativa dos Estados Unidos de debater sobre o tema das drogas é porque seus métodos de guerra fracassaram em diminuir o consumo e pelo contrário, propiciou o aumento dos fluxos de capital provenientes do narcotráfico.

Do mesmo modo, os métodos utilizados por Washington “não tiveram efeito algum no uso ou preço das drogas nos Estados Unidos, mas causaram estragos em todo o continente”, onde os latino-americanos são vítimas imediatas da violência e corrupção que gera o negócio ilícito.

“O isolamento dos EUA em Cartagena nos leva a outros acontecimentos transcendentais da última década, na medida em que a América Latina começou, por fim, a se libertar do controle das grandes potências, e inclusive a abordar seus espantosos problemas internos”, considera o colunista.

Fonte: AVN
Tradução: da Redação do Vermelho,
Vanessa Silva