Ex-ditador da Guatemala é julgado por massacre

A Justiça da Guatemala analisa, esta semana, o processo contra o ex-presidente Efrain Rios Montt (1982-1983), 85 anos, pelo massacre de 201 agricultores, no Norte do país. General da reserva, Montt governou o país no período da ditadura militar e é acusado ainda pelo genocídio de 1,7 mil indígenas. Para a juíza Carol Patricia Flores, o Ministério Público apresentou provas suficientes que asseguram a realização do julgamento.

Montt é apontado como responsável por um dos governos ditatoriais mais duros das Américas. Em 1999, a vencedora do Prêmio Nobel da Paz a guatemalteca Rigoberta Menchú apresentou acusações contra o ex-presidente por tortura, genocídio, detenção ilegal e terrorismo de Estado.

Em setembro de 2005, o Tribunal Constitucional da Espanha decidiu julgar os acusados ​​de crimes contra a humanidade, mesmo que as vítimas não fossem espanholas. Em junho de 2006, o juiz Santiago Pedraz viajou para a Guatemala para coletar depoimento de Montt​​. Mas 15 apelações, apresentadas pelo ex-presidente, impediram Pedraz de interrogá-lo.

Para o julgamento que ocorre ao longo desta semana, o Ministério Público alegou que Efrain Rios Montt foi responsável por uma operação militar que matou 201 agricultores em uma comunidade de Dos Erres, localizada no norte da Guatemala. Os advogados dele tentaram impedir o julgamento sob o argumento de que a Lei da Anistia o protege.

Montt alega inocência em relação às acusações. O julgamento é acompanhado por parentes das vítimas, representantes dos direitos humanos e ativistas políticos. No primeiro julgamento no qual foi denunciado também por genocídio, Efrain Rios Montt pagou fiança em dinheiro e conseguiu escapar da prisão.

Na ocasião do ataque contra os trabalhadores de Los Erres, cerca de 20 soldados que haviam recebido ordens para procurar armas na aldeia vendaram, estrangularam, alvejaram e surraram e mataram moradores, e um recém-nascido foi morto a marretadas. Os corpos foram jogados em um poço. O crime ocorreu em dezembro de 1982.

A Guatemala vem tentando passar a limpo as atrocidades da guerra civil (1960-1996), na qual quase 250 mil pessoas morreram ou desapareceram.

Em agosto, a Justiça condenou cinco ex-soldados a 6.060 anos de prisão cada por envolvimento no massacre de Las Dos Erres. O período máximo de detenção na Guatemala é de 50 anos.

Com agências