Chile: estudantes criticam sistema de financiamento estudantil

Os comentários do Ministro da Economia do Chile, Pablo Longueira, sobre a questão do Crédito da Corporação de Fomento da Produção (Corfo) não agradaram os estudantes chilenos. No último sábado (26), a Confederação de Estudantes do Chile (Confech) e a Agrupação de Estudantes Enganados pelo Crédito Corfo divulgaram um comunicado sobre o projeto do Crédito Corfo e as declarações de Longueira.

Chile
Na terça-feira passada (22), a situação dos/as estudantes devedores do Crédito foi pauta de discussão da Câmara de Deputados do Chile. Na ocasião, o Ministro da Economia, segundo o comunicado das organizações estudantis, "apontou que lhe incomodava profundamente se apresentar pela terceira vez para falar dos créditos Corfo”.
 
Para os/as estudantes, essa afirmação "demonstra a completa indiferença e indolência desta autoridade, sendo uma bofetada na cara de mais de 100 mil estudantes e suas famílias, as quais têm sido afetadas por uma política criada pelo Estado Chileno que só tem beneficiado o setor bancário com recursos públicos e a custo do endividamento de milhares de famílias que só buscavam dar uma educação a seus filhos”.
Segundo o comunicado, Longueira submeteu a solução dos/as estudantes à "aprovação de dois projetos de lei, como a redução da taxa de juros do CAE [Crédito com Aval do Estado] e a ‘reforma tributária’, ambos os projetos que não contam com um apoio majoritário”. Para eles/as tal estratégia serve para transformar as famílias dos/as estudantes em "moeda de troca”.

"Reiteramos que se o Governo necessita de recursos para resolver responsavelmente o mandato soberano que o povo chileno lhe entregou, é necessário que atue com responsabilidade e assuma que o atual projeto de reforma tributária não é suficiente para colaborar com os desafios que a educação chilena necessita para que esta seja primordialmente pública e de excelência, subindo a carga impositiva das grandes corporações, começando pelo sistema bancário que tem visto milhões em rendimentos com o subsídio do Estado durante anos”, destacam.

Direito à educação

Diante desse quadro, os/as estudantes demandam: o fim do lucro vindo do crédito e o fim endividamento das famílias que utilizam o Corfo, a redução da taxa de juros a 0%, sendo devolvido apenas o dinheiro emprestado. As organizações estudantis ainda destacam que os projetos ou acordos que os parlamentares chilenos estão discutindo atualmente são frutos das mobilizações sociais realizadas desde o ano passado, as quais chamam a atenção para o direito à educação pública, gratuita e de qualidade.

"A educação é um direito e não um bem negociável em bolsas de comércio. O crédito Corfo é um exemplo da forma em que o mercado tem operado impunemente na educação. O fim último do mercado é a geração de riquezas e o da educação é contribuir para o desenvolvimento cultural do país; a educação deve educar, formar e dar oportunidades de crescimento intelectual e profissional; quando se permite ao mercado operar na educação, este gera riquezas para os empresários e pobreza no capital cultural do povo”, ressaltam.

Fonte: Adital