Altamiro Borges: Alianças de Serra, “moscas e fedor”

Em outubro de 2011, quando o PR do ex-deputado Valdemar Costa Neto perdeu o comando do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o senador tucano Aloysio Nunes disparou em seu twitter: “Mudam as moscas, o fedor é o mesmo”. Ontem, porém, o mesmo PR anunciou seu apoio à candidatura de José Serra em São Paulo. Cadê o senador? Cadê a mídia a demotucana?

O PSDB vai costurando amplas alianças para a eleição da prefeitura paulistana, considerada vital para o partido que vive uma prolongada crise. Já anunciaram apoio a José Serra o DEM – de Agripino Maia e dos defenestrados Demóstenes Torres e José Roberto Arruda –; o recém-criado PSD, do ex-demo Gilberto Kassab; o PV, da ex-verde Marina Silva; e agora o PR, de Valdemar Costa Neto com suas moscas e fedor. Na próxima semana, o PP comandado por Paulo Maluf também deve embarcar na canoa serrista.

A seletividade da mídia

A mídia demotucana, que é tão dura nas críticas às alianças que sustentam o governo Dilma Rousseff, evita fazer escarcéu sobre as coligações firmadas pelo PSDB em São Paulo. Na televisão, os “calunistas” sequer lembraram a crise que gerou a demissão dos filiados do PR no Ministério dos Transportes. DEM, PSD, PP e agora o PR são tratados com muita generosidade. A mídia prefere falar do isolamento da esquerda e das dificuldades da candidatura de Fernando Haddad, apoiada pelo ex-presidente Lula.

Entre os jornalões, a Folha até lembrou um pouco da história do PR, “o partido atingido por expurgo no governo Dilma que apoiará Serra”. Mas evitou comentários mais ácidos. Até citou que Valdemar é réu na ação do mensalão e que a sigla receberá cargos em troca da aliança. Mas fez questão de registrar que “a aliança impõe uma derrota significativa ao PT, que ainda não assegurou o apoio de nenhum partido para a candidatura de Fernando Haddad”. Quase comemorou os minutos na TV conquistados por Serra!