EUA: alta do desemprego complica reeleição de Barack Obama

A potencial reeleição do presidente Barack Obama poderia ver-se complicada por uma notícia negativa sobre o mercado de trabalho, que aparentemente não foi antecipada por nenhum especialista próximo ao chefe da Casa Branca.

O desemprego oficial nos Estados Unidos subiu até uma taxa de 8,2%, ainda que os números reais da desocupação marquem uma estatística de 14,8% porque as contas do governo nunca consideram aqueles cidadãos que não buscam trabalho.

Ao final de semana o Departamento Federal do Trabalho emitiu as cifras de maio, etapa na qual – indicou – se criou um discreto total de 69 mil fontes de emprego, cota que caiu muito desde a previsão de 158 mil posições que se supõe poderiam contribuir ao equilíbrio.

A economia norte-americana marcha não só de maneira lenta, senão com a trava de emergência acionada. Os alarmes soam críticas no desemprego e na relação rendimentos-salários, comentou Travis Fryman, analista da consultoria BlackBay Managing.

Se o desemprego fosse calculado de forma real nos Estados Unidos, isto é, com a inclusão das pessoas que se cansaram de buscar vagas, as cifras verdadeiras seriam de 14,5% em abril e 14,8 em maio último.

A chamada desocupação de longo alcance também disparou, com o número de indivíduos desempregados ao menos por 27 semanas ascendendo de 5,1 a 5,4 milhões e a média de tempo sem trabalho mudando de 39,1 a 39,7 semanas.

Campanha de Obama

Este inesperado informe estatal poderia prejudicar em singular medida – opinam politólogos – a carreira eleitoral de Obama como presidente incumbente, já que a economia persiste como o principal assunto em consideração dos eleitores.

O Executivo exortou na semana passada o Congresso a ratificar um pacote de emendas antidesemprego que, segundo disse, ajudariam a indústria nacional a se recuperar da crise econômica.

"Minha mensagem aos legisladores no Capitólio é simplesmente que se ponham a trabalhar para que nossos concidadãos também tenham trabalho", afirmou o mandatário democrata na tradicional alocução semanal por rádio e internet de sábado 2 de junho.

A exortação do governante, que buscará em novembro a reeleição para outros quatro anos na Casa Branca, seguiu a relatórios institucionais dos departamentos de Comércio e Trabalho que significaram más notícias para sua administração e o mercado trabalhista.

Economia

O candidato presidencial republicano Mitt Romney e outras figuras do partido opositor afirmam que a macroeconomia estadunidense está atrasada por culpa dos demasiados ônus fiscais, muita despesa estatal e as políticas restritivas de Washington.

Obama e seu antagonista político Romney continuavam até inícios de junho virtualmente empatados em atração de eleitores no caminho às eleições gerais de novembro.

De acordo com uma pesquisa das agências CNN e ORC International, 49% dos cidadãos disseram que apoiariam o mandatário nas eleições de inverno, enquanto 46% mencionaram Romney.

A pesquisa verificou que 45% dos entrevistados acham que Obama compreende melhor a situação econômica, a mesma cifra que respalda ao ex-governador republicano neste aspecto.

Igualmente a CNN/ORC evidenciou que 31% dos interrogados consideram que com Romney melhorará a indústria doméstica, enquanto 28% disseram que o desemprego cairá se Obama permanecer no Executivo.

A economia dos Estados Unidos se desacelerou no primeiro trimestre, crescendo mal a um ritmo anual de 1,9%. Foi o sexto trimestre consecutivo no qual a despesa do governo caiu, devido fundamentalmente a limitações orçamentárias.

Autoridades assinalaram que o lento crescimento se deveu a uma menor despesa pública e um discreto expêndio dos consumidores, em contraste com um aumento no déficit comercial doméstico.

Desemprego

A primeira economia do mundo perdeu 4,3 milhões de empregos durante os primeiros 13 meses com Obama no Escritório Oval. Especialistas esperavam que em maio aparecessem ao menos 150 mil postos de trabalho e a taxa negativa se mantivesse em 8,1%.

Novas revisões de cálculos anteriores evidenciaram que a economia estadunidense somou igualmente 49 mil posições menos que as esperadas nos meses de março e abril. Entendem-se como taxas de desemprego aceitáveis cifras próximas a 4%.

Muitas companhias privadas cortaram contratações até adicionar somente 82 mil postos às planilhas, e o desemprego é maior nos setores de seguros de saúde, transportes, entidades comerciais e firmas manufatureiras, assinalou um estudo de BlackBay Managing.

O setor da construção sofreu o maior declínio em dois anos: este sistema público continua evaporando empregos e perdeu 13 mil no mês anterior, assinalaram as fontes.

Os números surpreenderam a maioria dos analistas, há indícios de efeito dominó da Europa até América, e as mais prejudicadas são as médias e pequenas empresas na América do Norte, declarou Tim Drew, do birô independente Federation of Independent Business.

Ao mesmo tempo o não tão atendido subemprego aumentou nos Estados Unidos até a cota de 14,8%, após se ter mantido estável ou ter caído desde finais de 2011.

Não poucos estudiosos asseguram que supervisionar estes dados oferece uma melhor pesquisa sobre o mercado de trabalho dos EUA porque são incluídas as pessoas com trabalhos de meio período e aqueles que buscaram emprego em algum momento do último ano.

Uma primeira conclusão é que no mercado da União americana continua sem solução a insolvência derivada da crise financeira de 2008, pela qual desapareceram 8,8 milhões de empregos e até a data só 3,8 milhões foram reativados.

Atualmente 12,7 milhões de estadunidenses permanecem desempregados, e 42,8% deles levam seis meses ou mais nessa situação.

A pergunta é como ou por quem votarão estes cidadãos, ao se deter ante as urnas eleitorais dentro de seis meses.

Com uma força trabalhista líquida de quase 154 milhões de pessoas, a criação de empregos é o motor indireto da indústria dos Estados Unidos.

Famílias com dinheiro traduzem-se em entes consumidores e esta despesa pessoal representa 70% do coração da macroeconomia doméstica.

A próxima eleição presidencial acontecerá na terça-feira 6 de novembro de 2012. Nesta se elegerão o próximo presidente e vice-presidente dos Estados Unidos. Obama tem direito a postular-se por única vez.

No mesmo dia se elegerão 33 senadores e a totalidade da Câmara de Representantes, 11 governadores e vários legisladores estaduais.

Fonte: Prensa Latina