Crise econômica pode atravancar agenda da Rio+20, diz Coutinho

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse nesta segunda (11), em São Paulo, que a crise econômica internacional pode atrapalhar a agenda da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Segundo ele, vários países estão obrigados a trabalhar mais focados em resolver seus problemas de desemprego e desorganização fiscal. Coutinho  acredita, portanto, que o grande desafio hoje é persuadir as lideranças internacionais de que o investimento em desenvolvimento social e ambientalmente sustentável deve ser um eixo para a saída da crise e para a recuperação da economia mundial.

"Talvez essa seja a proposta que levaremos para a Rio+20", disse. Ele acrescentou ter esperança de que a conferência das Nações Unidas represente um passo no avanço de uma agenda mais ampla e consistente do desenvolvimento sustentável.

De acordo com o presidente do BNDES, não é realista pensar que os países em desenvolvimento vão abrir mão de crescimento em nome de restrições ambientais. O que eles precisam, segundo Coutinho, é buscar o avanço sem repetir o padrão de desenvolvimento com alto teor de emissão de carbono.

Para Coutinho, é preciso criar um padrão que concilie as alternativas que demandam energia mais eficiente, poupança de energia e desenvolvimento industrial sob processos menos poluentes. A avaliação dele é de que essa é uma tarefa de "grande escala" que não poderá ser empreendida sem engajamento do setor privado e dos governos.

O BNDES já tem várias linhas de financiamento para este fim. Coutinho lembrou que o governo criou recentemente o Fundo Clima, gerenciado pelo banco, e que tem potencial de alcançar R$ 700 milhões até o fim do ano.

"É um fundo que irá permitir várias linhas para subsídio de inovação tecnológica e massa crítica para o avanço de padrões sustentáveis em várias áreas. Essa é uma ferramenta muito importante para promover a inovação para a sustentabilidade", afirmou Coutinho, acrescentando que não há necessidade de incrementar os valores, que já são elevados, mas sim fazer com que se intensifique a operação da linha de financiamento.

Coutinho entende que se mudou o eixo da preocupação e das perspectivas de 20 anos atrás, principalmente na questão energética. "Há a necessidade de mudança da agenda global, uma agenda com relevante papel das matrizes energéticas", considerou Coutinho, na abertura de conferência realizada na capital paulista.

 "Deveríamos pensar em meta de eficiência de energia. Me refiro ao uso de energia nos processos industriais, nas cidades e nas residências e em grande parte do sistema público. É uma agenda complexa. Ela requer outros padrões de desenvolvimento", considerou.

Com Agência Estado