Choque entre policiais e camponeses deixa 18 mortos no Paraguai

Violentos confrontos ocorridos nesta sexta (15) entre policiais e camponeses sem-terra deixaram um saldo de pelo menos 18 mortos e mais de 80 feridos em Curuguaty, a 250 quilômetros a nordeste de Assunção, no Paraguai.

A tentativa da polícia de desalojar as famílias de camponeses que ocuparam uma parte de uma fazenda privada provocou uma forte troca de tiros e a morte de oito policiais e dez sem-terra. Segundo as autoridades, contudo, os números podem ainda não ser definitivos.

A polícia cumpria uma ordem judicial na fazenda do empresário Blas N. Riquelme. As organizações campesinas denunciam que são "terras ilícitas" produto da distribuição entre aliados durante a ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-1989).

O presidente Fernando Lugo, que ordenou o envio do Exército ao local para tentar restabelecer a ordem, emitiu uma declaração na qual expressou grande pesar e repúdio aos fatos. Segundo ele, todos os organismos de segurança do governo e sua áreas estratégicas estão trabalhando para devolver a calma e a tranquilidade à região.

O ministro do Interior, Carlos Filizzola, assegurou que a situação já está controlada e negou participação de grupos organizados ou irregulares no ocorrido.

Segundo uma cadeia de televisão, o dirigente do Movimento dos Camponeses Sem Terras, José Rodriguez, afirmou que as famílias acampadas na fazenda apenas resistiram à desocupação e não foram culpadas pelos disparos contra a polícia. Segundo ele, o ocorrido é consequência da falta de solução para a questão da terra no país.

O problema da posse da terra é um dos mais complexos que o Paraguai enfrenta. Grandes proprietários são acusados por instituições estatais de se apoderarem de grandes extensões, mediante negócios ilegais realizados em gestões anteriores.

O episódio desta sexta, que comoveu a população, foi aproveitado politicamente pela oposição, que chegou a pedir a destituição do ministro do Interior e uma possível petição de julgamento político contra o chefe de Estado. Nesse ambiente, as bancadas do Congresso mantinham reuniões para determinar se seria decretado estado de emergência na zona do conflito.

Com Prensa Latina