Tensão no Egito aumenta após adiamento de resultado eleitoral
Suspeitas de fraude levaram nesta quinta-feira (21) a um atraso no anúncio do resultado da eleição presidencial, e a Irmandade Muçulmana, que se diz vencedora do pleito, convocou manifestações contra a junta militar no poder.
Publicado 21/06/2012 11:50

Pelo terceiro dia consecutivo, centenas de manifestantes se reuniram na praça Tahrir, no Cairo, epicentro da revolução que derrubou Hosni Mubarak há 16 meses. Eles exigem que os militares transfiram o poder a um presidente civil em 1º de julho, conforme prometido.
Mas há poucos sinais de que isso irá acontecer, depois de o conselho militar dissolver o Parlamento liderado por políticos islâmicos e estabelecer limites rigororos aos poderes do futuro presidente. Dirigentes islâmicos prometeram manter vigílias em praças de todo o país até que suas exigências sejam acatadas.
Após quatro dias de apuração, a comissão eleitoral disse que não anunciará os resultados do segundo turno presidencial na quinta-feira, pois está analisando centenas de queixas feitas pelos dois lados. Como o fim de semana islâmico começa na sexta-feira, a divulgação pode ter de esperar até o domingo.
A Irmandade Muçulmana, grupo político mais bem organizado do país, diz que seu candidato, Mohamed Morsy, venceu a eleição. Mas o rival dele, Ahmed Shafik, que foi o último premiê da era Mubarak, não reconheceu a derrota.
Alguns viram o adiamento da divulgação do resultado como uma forma de pressionar a Irmandade a aceitar o decreto militar que restringe os poderes presidenciais. A comissão eleitoral nega interesses políticos na demora.
A imprensa egípcia refletiu na quinta-feira o temor de distúrbios por parte dos partidários do candidato que venha a ser derrotado. "O Egito à beira da explosão", foi a manchete do Al Watan. "Alerta de segurança antes do resultado presidencial", informou o Al-Masry Al-Youm.
Nos cafés e nas redes sociais, havia rumores sobre a mobilização de tropas nas grandes cidades, algo que fontes militares negaram.
Contribuindo para a tensão, o próprio Mubarak voltou à cena, sendo transferido de uma prisão para um hospital militar. Condenado à prisão perpétua, o ex-presidente, de 84 anos, está entrando e saindo do coma, mas "se estabilizando", segundo fontes de segurança.
Na terça-feira, a agência estatal de notícias chegou a dá-lo como clinicamente morto. Muitos egípcios suspeitam que a junta militar esteja exagerando a gravidade do estado dele para poder tirá-lo da prisão.
Fonte: Reuters