Ato em São Paulo pelo Paraguai: "Lugo sim, golpe não!"

Trabalhadores da comunidade paraguaia em São Paulo, membros de sindicatos, partidos políticos, movimentos sociais e estudantes de várias nacionalidades latinas, inclusive brasileiros, fizeram uma manifestação nesta tarde de segunda-feira (25) em frente ao Consulado paraguaio para enfatizarem que condenam o golpe no país vizinho, desconhecem o usurpador Federico Franco e pedem retorno imediato do presidente Fernando Lugo.

Manifestação em São Paulo contra o golpe no Paraguai

Eleito em 2008, Lugo estava conduzindo algumas reformas importantes para o Paraguai, mas foi deposto por um golpe institucional, em um impeachment “relâmpago”, inédito na história política. O presidente deposto foi eleito pelo voto popular, o que evidencia que a vontade do povo não foi respeitada pelos parlamentares. Esses, por sua vez, alegam que a destituição foi legal. Impossível, segundo especialistas: afinal, faltam apenas noves meses para eleições presidenciais e o Parlamento deu apenas duas horas para Lugo se defender.

Entre o grupo de manifestantes, foi eleita uma comitiva de seis pessoas, que entregou a um representante do Consulado um documento de repúdio ao golpe. O representante registrou o recebimento, mas não quis dar nenhum parecer oficial.

Logo após a entrega do documento, assinado por centrais e movimentos sociais, chegaram ao local o deputado estadual-SP Adriano Diogo e a vereadora Juliana Cardoso, ambos do PT, além de Leo Ramirez, da Cebrapaz e membro da Associação Japayke, acompanhado pelo presidente da entidade, Humberto Jara. O deputado voltou a questionar o representante do Consulado e esse disse que “quem orienta a política exterior paraguaia no Brasil é a Embaixada em Brasília”.

Dor pela perda da democracia



A mobilização reuniu cerca de 250 pessoas, que gritavam as palavras de ordem: “Lugo sim, golpe não! Além disso, contavam com um carro de som para fazerem seus discursos. O ato durou duas horas e, nesse período, vários líderes e membros das entidades presentes puderam enviar o seu recado ao Consulado e enfatizar seu repúdio ao golpe.
“O golpe se constitui na medida em que não houve o devido processo legal”, defendeu um dos organizadores do protesto, Pedro Charbel, estudante de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP).

Léo Ramirez, entrevistado pela redação do Vermelho, disse que “agora o Paraguai tem um presidente falso”. Justificou: “A classe política paraguaia, que se manteve no poder por longos 60 anos, se acostumou a ter a corrupção e o clientelismo como cultura. O governo atual estava tentando criar um novo modelo político, implementando várias reformas que visavam mudar a nossa imagem diante do mundo, antigamente sempre ligada ao contrabando e tráfico. Hoje, com o golpe, a sensação é a mesma de perder um familiar ou um amigo, é assim que eu sinto a perda da democracia no Paraguai”, comparou.

Os manifestantes, visivelmente emocionados como Ramirez, se uniram em uma pequena marcha depois que acabou a mobilização e seguiram para o comitê central do PCdoB, onde, da rua, continuaram a gritar palavras de ordem enquanto o ex-presidente Lula e o candidato a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, se reuniam com líderes e membros do partido para consolidar a parceria nas eleições municipais.

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Por Christiane Marcondes, de São Paulo