Thomas de Toledo: Conferência Mundial da Paz no “teto do mundo”

O Conselho Mundial da Paz (CMP) se reunirá em Assembleia e Conferência na cidade de Katmandu, no Nepal, entre os dias 20 a 23 de julho de 2012. O evento ocorrerá na Ásia pela primeira vez, próximo ao monte Everest, que apelida o Nepal de “o teto do mundo”. Participarão do evento lideranças e organizações que promovem a paz e a solidariedade aos povos, oriundas de vários países de todos os continentes.

Por Thomas de Toledo*

O Cebrapaz convida todas as organizações e militantes interessados a virem a compor a delegação brasileira e latino-americana neste importante evento internacional.

O prestígio histórico do combativo Conselho Mundial Paz

Fundado no ano de 1949, no imediato pós II Guerra Mundial, o Conselho Mundial da Paz – CMP – passou a reunir artistas, intelectuais, cientistas e militantes da paz e da solidariedade aos povos em luta. O primeiro presidente do CMP foi o cientista francês Jean Frédéric Joliot-Curie, prêmio Nobel de Química, e destacado por suas pesquisas sobre o núcleo do átomo e a radiação. Com sua influência, o CMP lideraria campanhas internacionais pelo desarmamento e pelo fim das armas nucleares, em um contexto de Guerra Fria.

Charlie Chaplin foi outro militante dessa causa, e o inconfundível símbolo da pomba branca da paz foi idealizado por Pablo Picasso no contexto da criação do CMP. O pintor brasileiro Cândido Portinari deu grandes contribuições ao Conselho, inclusive doando à entidade alguns de seus estudos preliminares dos imponentes murais “Guerra e Paz”, oficialmente instalados na sede da ONU.

O geógrafo Josué de Castro e o músico Cláudio Santoro foram alguns dos brasileiros homenageados pelas honrarias do Conselho. Estadistas como o mexicano Lázaro Cárdenas, o indiano Jawaharlal Nehru, o cubano Fidel Castro, o egípcio Gamal Abdull Nasser e o chileno Salvador Allende também abrilhantaram seus quadros de homenagens, assim como o então militante sul-africano contra o apartheid, Nelson Mandela, o líder do povo palestino, Yasser Arafat, além de filósofos como Bertrand Russell, Jean Paul Sartre e George Luckács.

Devido a sua imensa contribuição à paz mundial, o CMP pode, sem exagero, ser considerado um patrimônio dos povos do planeta.

As bandeiras atuais de luta do Conselho Mundial da Paz

Quem atualmente lidera o CMP é a presidenta do Cebrapaz, Socorro Gomes, eleita na última Assembleia Mundial que foi realizada na Venezuela em 2008. Em seus mandatos como Deputada Federal, Socorro Gomes teve uma destacada atuação nas questões internacionais, combatendo ativamente as agressões do imperialismo aos povos. Além de ser a primeira brasileira a estar à frente do CMP, sua presença tem contribuído com os nobres objetivos da instituição.

Lutar pelos direitos humanos, pela descolonização e pelo fim das bases militares estrangeiras nos países, bem como pela defesa da soberania dos povos e contra as guerras imperialistas são bandeiras fundamentais do CMP para a promoção da paz mundial. Em um contexto de crise global do capitalismo, no qual o imperialismo agride os povos do planeta com saques e pilhagens de recursos naturais é mais do que necessário denunciar os crimes dos principais promotores da guerra no mundo que são os EUA, algumas potências europeias e Israel.

Reafirmar em uníssono a exigência da dissolução da OTAN, do fim do bloqueio à Cuba, da descolonização das ilhas Malvinas são outras importantes causas levantadas pelo CMP. A condenação ao Golpe em Honduras e no Paraguai, a solidariedade ao povo palestino e do Saara Ocidental, e a luta contra uma intervenção militar na Síria ou em qualquer país no Oriente Médio compõem parte da grande pauta deste encontro em prol da paz mundial.

Rumo ao Nepal em uma mensagem de solidariedade e paz

A realização da Assembleia e da Conferência do CMP no Nepal vem carregada de simbolismos. Em primeiro lugar é um ato de solidariedade a um país que recentemente passou por uma guerra civil e que substituiu uma monarquia decadente por uma república parlamentarista. O Nepal encontra-se, portanto, em processo de reconstrução e de pacificação. Este país onde nasceu Sidarta Gautama, o Buda, é reconhecido por ter um povo que convive em harmonia nas alturas do Himalaia, mesmo diante de toda sua diversidade étnica, cultural e religiosa. Vale destacar que o imperialismo dos Estados Unidos está redefinindo sua estratégia geopolítica para o continente asiático, o que demonstra a necessidade de se ter mais contato com a realidade dessa região.

O evento será dividido em duas partes. Na primeira ocorrerá a Assembleia que elencará as principais bandeiras para os próximos anos e elegerá a nova direção do CMP. Na segunda parte, haverá uma Conferência na qual se debaterão diversos temas relacionados à luta pela paz, a solidariedade internacionalista, a defesa da soberania dos povos e as lutas concretas de mobilizações contra as guerras imperialistas. A contribuição brasileira será muito importante devido à tradição multilateral do país, bem como à diversidade regional e cultural, que muito inspira os militantes da paz em todo mundo.

Mais informações podem ser encontradas no site do Cebrapaz: www.cebrapaz.org.br ou do CMP (em inglês): www.wpc-in.org. O e-mail [email protected] e o telefone (11) 3223-3469 estarão disponíveis para dúvidas e informações.

Rumo à Katmandu, em defesa da paz e da solidariedade aos povos!

* Thomas de Toledo é secretário-geral do Cebrapaz.