Lugo diz que Mercosul decidiu punir classe política paraguaia
O presidente destituído do Paraguai, Fernando Lugo, comentou, na tarde desta sexta-feira (29), a postura do Mercado Comum do Sul (Mercosul) de manter o país suspenso do bloco, contra o novo governo liderado por Federico Franco. Segundo ele, a decisão foi uma punição à classe política paraguaia.
Publicado 29/06/2012 19:07
Em uma rápido pronunciamento para a imprensa, no qual não houve espaço para perguntas, Lugo ressaltou que o Mercosul não castigará o povo paraguaio com medidas econômicas que poderiam afetar negativamente o país.
"Hoje, o Mercosul se reuniu tendo uma cadeira vazia. A democracia regional sancionou, puniu a classe política paraguaia, que produziu uma ruptura na ordem democrática, violou a Constituição do país e a jurisprudência do direito internacional de defesa", disse. Em seguida, completou: "Os chefes de Estado decidiram castigar a classe política paraguaia, salvaguardando que não se tome medidas contra o povo".
O presidente deposto destacou que a sanção ao país está de acordo com o regulamento do bloco. "A decisão de suspender o Paraguai se ajusta às normas do Mercosul, que foram elaboradas por um pedido do próprio Paraguai, frente a uma ameaça de interrupção da democracia paraguaia de 1996. Foi então criado o protocolo Ushuaia I. Naquela época toda a região saiu em defesa da democracia paraguaia", disse Lugo.
Isolamento
Presente durante a fala de Lugo, o senador Carlos Filizola, do Partido País Solidário, respondeu às perguntas da imprensa sobre o impacto que a decisão do Mercosul poderá ter no país. Segundo ele, a suspensão significa que o Paraguai não participará das devidas instâncias do bloco.
"Não teremos capacidade de decisão dentro do bloco. Isso nos isola. E teremos dificuldades de relacionamento com os demais países. É um castigo para o Paraguai", disse, lamentando que o seu país esteja passando por isso, por causa da destituição-relâmpago do presidente, que ele reiterou ter se tratado de um "golpe parlamentar".
"A democracia está ameaçada no país", disse. Segundo ele, esse isolamento é muito negativo. "O Paraguai é um país mediterrâneo, precisa agregar os outros países e não se isolar", completou.
O Mercosul decidiu, nesta tarde, suspender o Paraguai, até que sejam realizadas novas eleições, marcadas para abril de 2013. "Resolvemos suspender o Paraguai temporariamente até que seja realizado um novo processo democrático, com eleições livres para eleger um novo presidente', disse Cristina Kirchner, presidenta da Argentina, ao encerrar a reunião do bloco.
Suprema Corte
Filizola afirmou que, agora, o objetivo é assegurar que o pleito ocorra sem irregularidades. "Vamos zelar para que as eleições sejam limpas. Isso tem que estar garantido", afirmou. O agora ex-presidente e seus aliados, contudo, ainda não desistiram de tentar reaver o mandato de Lugo – ainda que considerem difícil esta possibilidade. De acordo com Filizola, eles irão apresentar à Suprema Corte um pedido para que seja declarada a inconstitucionalidade do julgamento político que culminou com a destituição.
Da Redação,
Com informações de Vanessa Silva, enviada especial do Vermelho a Assunção.