Cooperação e resistência são propostas de defesa latino-americana

Uma estratégia de cooperação perante inimigos além das fronteiras regionais, como também uma política de resistência popular para ganhar a paz com justiça social, foram parte das propostas que surgiram na Oficina de Defesa que realizou-se na última quarta-feira (4) como parte das atividades do 18º Encontro do Fórum de São Paulo.

Durante o encontro, realizado no Hotel Alba Caracas, o deputado venezuelano Freddy Bernal destacou que, diante da pretensão de recolonização por parte dos Estados Unidos, os povos latino-americanos devem construir políticas de resistência, coesão e formação.


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Neste sentido, propôs criar um fórum permanente de resistência dos povos, articulado com a União das Nações Sul-americanas (Unasur), para garantir uma reação efetiva diante os ataques ou invasões de forças alheias à região.

Da mesa de Defesa, foi exortada a criação de um Centro de Estudos Estratégicos para a Resistência Soberana e Popular que mantenha um intercambio constante com o Conselho de Defesa da Unasul.Também foi destacada a necessidade de reunir grupos e movimentos anti-imperialistas em um movimento continental para a paz e a justiça social.

Novas ideias

Ronaldo Carmona, membro do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), ressaltou como a unidade Sul-americana se fortaleceu diferente da América Central e Caribe e parte da América do Norte, onde a influência estadunidense é maior.

O acadêmico da Universidade de São Paulo (USP) apontou que mediante iniciativas como a do Conselho de Defesa da Unasul, se conseguiu substituir o conceito militar de que os inimigos das nações latino-americanas eram seus próprios vizinhos. Pelo contrário, se fortaleceu uma estratégia de “cooperação dentro e dissuasão fora”.

Também foi superado progressivamente a ideia de que as forças aramadas tinham os povos como inimigos e se compreende cada vez mais que “sem o povo, o país ficará vulnerável”, como é o caso brasileiro. Não obstante, ainda permanece a característica mais vulnerável da região.

“Nosso principal tendão de Aquiles está localizado, precisamente, em nosso insuficiente nível de desenvolvimento, ou por dizer de outra maneira, em nosso baixo nível de desenvolvimento relativo que contrasta por tanto com essa enorme potencialidade dos nossos países” explicou Carmona.

Os limites imperialistas

Para Daniel Coira, da Frente Ampla do Uruguai, “o desafio da esquerda é justamente estudar como se produz a paz e assegurar-se de que a paz supõe um enfrentamento contra a lógica estrutural do imperialismo”.

Indicou que não existe um projeto único de esquerda na América Latina e que as desigualdades dos Estados que formam a Unasul não podem ser deixadas de lado.
“Os conflitos existem, porque estão dentro do capitalismo”, ressaltou Coira, uma vez que destacou que a luta contra o imperialismo deve ter clara que não está fora disso, mas imersa em sua dinâmica.

Fonte: AVN