Equador questiona fundos da Usaid e poderá sair da agência
O Governo do Equador avaliará nesta sexta-feira (6) os recursos destinados a fundações nacionais equatorianas pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) em um ano pré-eleitoral.
Publicado 06/07/2012 12:02
Gabriela Rosero, secretária técnica de Cooperação Internacional, afirmou a uma emissora que o país analisa estes acordos com a Usaid há três anos, e vem develando os mitos e realidades existentes por trás dos acordos.
Explicou que nas últimas semanas a permanência dessa agência está sob revisão, depois do alerta da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) sobre as intenções manifestas da Usaid de trabalhar para desestabilizar os países deste bloco integracionista.
Segundo Rosero, o Equador tem direito como Estado a revisar de maneira prudente esses convênios e decidir que tipo de ajuda é a que considera necessária e qual é ou não sustentável no tempo.
De acordo com relatórios locais, em 2010 essa agência estadunidense teria enviado 19,2 milhões de dólares adicionais e, desse total, quatro milhões foram destinados a supostos programas sociais.
O que chama a atenção da especialista é a soma destinada a essa atividade, muito superior a outras, motivo pelo qual considerou que seria uma tentativa de desestabilizar o país sob o argumento de uma luta para fortalecer a democracia.
Expôs que, por uma parte, os objetivos iniciais destes convênios foram mudando nos últimos 20 anos e, por outra, a América Latina vive um momento diferente e especial.
A partir daqui, considerou, se está gerando um pensamento próprio, no qual o progresso agora é visto dentro de um conceito de sócios e no contexto de uma relação de equidade.
A cooperação, disse, tem sido um instrumento da globalização econômica e uma forma de incidir e de conseguir controle geopolítico, servindo de ferramenta geopolítica para pressionar e desestabilizar governos em não poucos casos.
O discurso, assegurou a funcionária pública, não aponta apenas à cooperação, mas ao fato do Equador ter passado por uma mudança profunda e radical na forma de ver o mundo, de propor as relações internacionais e de assumir sua soberania política.
Explicou que existem projetos (com a Usaid) que não acabam de se concretizar em uma proposta integral e nos quais não transparece a informação, pelo qual se deduz que, devido aos intermediários, não chegam os benefícios às bases.
Usaid e ONGs
Citou o exemplo de que inclusive as populações não poucas vezes desconhecem a existência dos projetos.
Se esses recursos financiam ou tratam de impulsionar processos a partir do exterior e não se somam ao desenvolvimento do país, podem ser desestabilizadores, apontou.
Em sua reflexão, expôs que se trata de conseguir uma complementaridade e não de desencadear ou romper com processos paralelos aos em andamento ao interior do país, o que constituiria uma ameaça à estabilidade da República.
Expressou que a suspensão dos contratos com a USAID não afetará o país, já que nestes momentos se contabilizam uns 270 milhões de dólares em cooperação internacional.
Desde maio de 2010, o presidente Rafael Correa tem revelado a existência de um número considerável de organizações não governamentais (ONG) no país, majoritariamente sem controle.
Além de evadir impostos, financiam atividades políticas ilegítimas, inclusive para a suposta formação de líderes.
Em junho passado, os Estados Unidos reiterou sua disposição a financiar grupos subversivos que buscam desestabilizar alguns países da Alba.
Mark Feierstein, administrador anexo para a América Latina e Caribe da Usaid, reconheceu que Washington prioriza o apoio às forças opositoras que "estão lutando pelos direitos humanos e a democracia" nessas nações. Confirmou que a Casa Branca mantém uma estreita relação e entrega fundos a setores anti-governamentais em Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua (países integrantes da Alba), sem especificar cifras.
As declarações de Feierstein evidenciam as denúncias de governos e instituições progressistas da América Latina e do Caribe sobre o caráter subversivo dos programas da Usaid na região.
Essa agência, apresentada às vezes como uma organização civil independente, atua desde 1961 em consonância com uma estratégia destinada a limpar a imagem agressiva dos Estados Unidos.
De acordo com frequentes denúncias de analistas, a entrega de capital a nações pobres – com o pretexto de promover reformas sociais, industrializar ou atender a setores vulneráveis – disfarçou as pretensões de Washington, conquistou adeptos em todas partes e possibilitou a subversão política a favor de seus planos hegemônicos.
Fonte: Prensa Latina