Habitantes da Síria defendem a paz no país
Enfrentando as contínuas ameaças dos atentados terroristas realizados pelos grupos armados, uma grande parte da população síria defende o diálogo e a volta aos anos nos quais prevalecia a paz.
Publicado 06/07/2012 15:49
Esta é a percepção quando se caminha pelas ruas, mercados e outros lugares da capital síria e se conversa com os moradores sírios, testemunhas de meses de crise sob o temor do imprevisto.
"A Síria foi sempre um país muito tranquilo e seguro, não existia medo ao sair às ruas em qualquer hora do dia ou a noite", declarou à Prensa Latina Maen Nizzar Al Zahed, um guia turístico que perdeu seu emprego, assim como muitos amigos e familiares, devido à pouca afluência de visitantes estrangeiros.
Antes, disse, vinham a esta terra mais de cinco milhões de turistas por ano e, agora, o clima de insegurança criado pelos grupos extremistas e o combate a estes pelas autoridades fizeram declinar a cifra notavelmente.
"Praticamente é uma indústria que não existe", afirmou, também culpando o ocidente e suas sanções contra o povo sírio.
Al Zahed, como muitos de seus compatriotas, pede o regresso à paz e à tranquilidade de anos atrás, demandas que países ocidentais e monarquias do golfo Pérsico desconhecem, empenhados que estão em mudar o rumo da história deste país do Levante.
Outras pessoas, que têm o mesmo medo que Al Zahed de serem fotografados e não mostram seu rosto, opinam que a atual situação não é consequência de um problema interno, mas impulsionado do exterior por Estados Unidos, França e nações do golfo Pérsico, entre outros.
"Na Síria, durante 30 ou 40 anos, ninguém sentia temor, agora querem separar e dividir o povo", afirmou Hisham, um vendedor no populoso mercado de Hamidieyeh.
"Sentimos temor porque não sabemos onde vai ocorrer uma explosão, como a de dias recentes a escassos metros da porta do mercado, a qual por sorte não causou vítimas fatais", acrescentou.
"Esses grupos fazem isso, a Síria precisa de uma mudança, a oposição se nega ao diálogo e seus guias ocidentais a apoia", discorre Ghyath, um prestigioso profissional da saúde que trabalha em um hospital na capital.
Apesar das pressões ocidentais para que o presidente Bashar Al-Assad abandone o governo, muitas das pessoas consultadas recusam essa possibilidade.
"O presidente é muito querido pelo povo porque tem uma mentalidade aberta e as pessoas acham que pode melhorar o país, apesar das ações de grupos armados e ocidentais que empurram para que ocorra um conflito intersectário", opinam.
Um jovem estudante, dos que enchiam as noites sírias com sua alegria, diz que no último ano a violência cresceu muito, mudou a vida das pessoas e alguns costumes.
Recorda que os salários diminuíram, há muitos desempregados e, com relação à segurança, sente angústia porque quando sai, às vezes, não sabe se regressará para casa, tem medo de que haja uma explosão, em qualquer dia, a qualquer hora, em qualquer lugar, e possa ser vítima dessa violência que não tem rosto.
Fonte: Prensa Latina