Acusações de Kátia Abreu a Kassab deflagram crise no PSD

A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) é a protagonista da primeira crise do PSD, partido criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, em 2011. Esse promete ser apenas o primeiro de muitos abalos que o partido, e outras forças conservadoras brasileiras, devem sofrer até as eleições presidenciais de 2014.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a ruralista Kátia Abreu (TO) denuncia o "centralismo e autoritarismo'' de Kassab na condução partido. “O prefeito Kassab acha que o PSD está a serviço de sua carreira pessoal, e não está”, afirma.

A insatisfação da senadora tem como principal vetor a intervenção para que o PSD apoiasse o candidato Patrus Ananias (PT-MG) na disputa para a Prefeitura de Belo Horizonte. Kátia Abreu é uma das defensoras do apoio do PSD às forças reacionárias e neoliberais do país – que na capital mineira é representada pelo tucano Aécio Neves, através da candidatura à reeleição de Marcio Lacerda (PSB).

“E espero que não continue sendo assim. Que esse erro cometido agora [em Belo Horizonte] sirva para corrigir rumos e não para fortalecer a prática abominável e autoritária de intervir por decisão própria de um líder”, ressalta a senadora.

A ruralista também manifestou sua insatisfação com Kassab no projeto eleitoral para a disputa à Prefeitura de São Paulo. Ela acusou o atual prefeito pela “dubiedade de um dia apoiar o PT e, no outro, apoiar o PSDB”.

“Quero ressalvar minha admiração pelo José Serra. Não é nada pessoal, nem contra Fernando Haddad, foi apenas a mudança em poucas horas que me incomodou. Dois dias antes, ele [Kassab] me chamou tentando me convencer que o partido deveria estar com o PT. Dois dias depois, ele decidiu apoiar o José Serra sem falar com ninguém.”

Ela diz que a mudança do projeto na capital paulista foi feita sem nenhuma discussão. “Sem comunicar absolutamente nada nem reunir o partido, ele decidiu apoiar o Serra. Argumentou que era uma questão paulista.”

Cortejada pelo PMDB, a senadora deixou claro durante a entrevista que não descarta deixar o partido. “Não quero ficar em um espaço apenas para sobrevivência. Nem que para isso eu precise sair do PSD e ficar sem partido por um tempo. Se as práticas não forem modificadas, se esse centralismo não for superado, eu sinto muita dificuldade em ficar.”

Da Redação,
Mariana Viel, com informações da Folha de S. Paulo