Paraguai: governo impõe polêmica resolução que nega voto direto

O governo paragauaio deu nesta quarta (18) apoio final à polêmica resolução congressional que nega o voto direto para as eleições do 2013, o que desatou em meses anteriores grandes mobilizações de indignados paraguaios.

Depois de uma reunião realizada entre Federico Franco – que substituiu na presidência da República o destituído mandatário Fernando Lugo – e o titular do Tribunal Supremo de Justiça Eleitoral, Alberto Ramírez, foi confirmado que a mencionada disposição entrou em vigor e o voto direto só será aplicado em 2015.

Tratam-se das denominadas "listas sábanas" (literalmente "lista lençol" em português), uma espécie de votação com lista fechada que, tradicionalmente, obriga os eleitores a votarem por todos os candidatos de um mesmo partido e o privam do direito de escolher especificamente quem eles desejam que os represente em qualquer uma das câmaras do Congresso.

Na realidade, a presença deste sistema de eleição é defendido pelos partidos tradicionais e os interesses econômicos vinculados a eles, pois garante a eleição de "caciques" eleitorais que controlam votações e bancadas partidárias.

A possibilidade de perder esse privilégio pessoal tem muita incidência sobre o controle do Parlamento por determinados grupos políticos, entre outros benefícios, e é causa de resistência permanente à mudança no sistema eleitoral.

O presidente Lugo, durante sua estadia no governo, decretou uma lei eliminando as tais "listas sábanas", facilitando assim o voto direto da cidadania, mas a maioria opositora no Parlamento impediu sua aplicação para as eleições de abril do 2013, alegando falta de condições para isso.

Isto provocou grandes manifestações populares em frente ao edifício do Congresso que, inclusive, terminaram com enfrentamentos entre a população e a polícia, obrigando a saída de representantes da sede legislativa por caminhos secundários.

Depois do rápido julgamento político a Lugo, agora a disposição eleitoral foi tirada da gaveta e ratificada por Franco; falta ver a reação popular a essa decisão.

Fonte: Prensa Latina