"Todos os esforços estão sendo feitos" afirma governo sobre greve

O Ministério do Planejamento declarou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está fazendo “todos os esforços possíveis para atender a reivindicação dos servidores públicos federais, em greve há cerca de um mês. Nesta quarta-feira (18), quando foram intensificadas as manifestações da categoria, cinco reuniões com representantes da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), aconteceram no prédio do Planejamento.

Segundo a Pasta, não há margem orçamentária para melhorar a proposta de reestruturação da carreira dos servidores. Entre 2002 e 2003, houve um esforço para reestruturação das carreiras públicas. Ainda de acordo com a pasta, desde então as carreiras têm obtido ganhos. Na negociação de 2007 ficou estabelecido reajustes acima da inflação em 2008, 2009, e 2010. 

Naquela época o cenário era diferente do atual, quando a realidade era a de um país que "galopava no crescimento". Atualmente, a folha de pagamento corresponde a 4% do Produto Interno Bruto – com gastos em torno dos R$ 190 bilhões. Se as reivindicações dos servidres forem atendidas chega a 6%, somando mais R$ 92,2 bilhões, quase 50% a mais da atual folha de pagamento.

Os trabalhadores, por sua vez, questionam a política fiscal "conservadora" que tem arrochado os salários. Em nota divulgada recentemente, no Vermelho, o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, lembrou a questão do PIB.

"O tom intransigente com que o governo reagiu aos grevistas provocou indignação entre os trabalhadores e no movimento sindical, que afinal participaram intensamente da campanha pela eleição da presidenta Dilma em 2010. A paralisação tem um motivo forte e justo. Os gastos com pessoal da União caíram de 4,8% do PIB no governo Lula para 4% atualmente", diz um trecho da nota.

Com o cenário de crise financeira internacional, a prioridade do governo é manter o crescimento da economia para evitar o desemprego, segundo declarou na tarde desta quarta, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ao ser questionado sobre a greve no setor da Educação.

“A proposta apresentada pelo governo é quase R$ 4 bilhões [de recursos para custear o plano até 2014]. No momento, em função da crise internacional, a prioridade do governo é usar essa capacidade fiscal para o Brasil crescer e manter o emprego de quem não tem estabilidade”, disse Mercadante.

Já os trabalhadores, afirmam que a "culpa não pode ser atribuída exclusivamente à crise mundial do capitalismo, que hoje tem por epicentro a Europa. A política econômica, herdada do neoliberalismo tucano e consagrada na Carta aos Brasileiros, é uma causa igualmente relevante das dificuldades."

"Esperamos que consigamos avançar nas negociações. Agora, a MP 568, que prevê 4% de reajuste retroativo ao mês de março deste ano, atende várias categorias do funcionalismo", declarou, ao Vermelho, a Comunicação do ministério.

Com relação ao fato político em si, o ministério afirmou que constituir greve trata-se de um direito legítimo do trabalhador.

"Para o governo, a greve dos servidores é direito legítimo e constitucional. É claro que preferíamos que não houvesse uma greve. Mas, se os servidores acham que precisam se mobilizar, que é o momento para isso, o que temos que fazer é manter as negociações com as categorias e trabalhar para que eles entendam todo o cenário e o que é possível fazer e sempre com responsabilidade fiscal. O governo tem que olhar a partir de vários aspectos, não somente o do servidor, para não onerar demais o orçamento", detalhou a fonte da Comunicação do Planejamento.

Na página 79, do Boletim Estatístico de Pessoal, do MP, é possível conferir uma tabela da evolução dos salários dos servidores desde 1995, segundo dados do governo.

Representantes da Condsef não foram encontrados para confirmar as reuniões citadas.

Deborah Moreira
Da redação do Vermelho