Síria rejeita proposta ingerencista da Liga Árabe contra Assad

A proposta de "negociação" da Liga Árabe, que previa uma "saída segura" do poder a Bashar al Assad, foi rejeitada pelo governo sírio, segundo informou o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Síria, Jihad Makdissi, em discurso nesta segunda-feira (23). “Essa decisão apenas cabe ao povo sírio, que são os únicos senhores do seu destino”, disse ele. A postura da Liga está claramente alinhada com as pressões de potências ocidentais.

Em reunião hoje, em Doha, os países membros do grupo árabe se mostraram mais interessados em derrubar Assad que em deter os confrontos no país. Ofereceram uma "saída segura" da Síria ao presidente e sua família, caso ele concordasse em deixar o poder.

A declaração assinada pelso chanceleres do grupo convoca o Exército Livre Sírio, que encabeça as ações armadas contra Damasco, e outras formações opositoras a criarem um "governo provisório de unidade nacional, junto à "autoridade nacional de facto". O secretário geral da Liga, Nabil Elaraby, disse para Assad renunciar e aceitar a oferta do grupo. Já em fevereiro deste ano, o recém-eleito presidente tunisiano, Moncef Marzouki, havia oferecido asilo a Assad.

“Nós sentimos que a Liga Árabe tenha descido a este nível no que diz respeito a um estado membro”, criticou Makdisse. Ele acusou os estados árabes de incitarem a violência e mantenerem uma posição hipócrita ao quererem decidir pelos sírios os caminhos da nação.

Armas

O chanceler também esclareceu a posição do país em relação à existência e utilização de armas químicas, afirmando que elas só serão usadas em caso de agressão externa. "A Síria jamais utilizará armas químicas na crise interna que o país enfrenta", disse Makdissi Jihad.

O funcionário abordou a campanha contra o país desenvolvida pelos meios de comunicação estrangeiros, sob o pretexto da possibilidade de utilização de armas de destruição em massa.

Makdissi afirmou que as armas químicas ou bacteriológicas nunca serão utilizados dessa maneira e que os locais onde são armazenadas estão protegidos pelo Exército Árabe da Síria.

As declarações coincidem com fortes ataques do governo contra os bandos armados apoiados pelo exterior e pela campanha orquestrada na mídia ocidental para espalhar o medo sobre o uso dos estoques de armas químicas realizadas pelo governo sírio.

Enfrentamentos protagonizados por forças de combate do governo e gangues armadas, sob a anunciada "Batalha de Damasco", são considerados por analistas internacionais como um esforço desesperado de grupos irregulares para mostrarem a seus aliados externos que estariam em um caminho para a vitória.

Mas informes recentes sugerem que as fontes de provisões no exterior diminuíram seu aporte nas últimas semanas ante o pouco progresso dos planos para derrubar o presidente sírio, Bashar al-Assad, através de ações destes grupos.

Com Prensa Latina