A vitoriosa delegação palestina nas Olimpíadas de Londres

O que é mesmo vencer e perder numa Olimpíada? Será que naquela que tantas vezes se define como uma confraternização mundial através do esporte vencer se resume a uma medalha de ouro no peito? Não posso crer.

Por Ana Helena Tavares, no Blog Quem tem medo da Democracia

E a pequena, porém sorridente, delegação palestina, desfilando livre na cerimônia de abertura, onde fica nessa história?

Por que será que a imprensa não lhes dá destaque? Será porque eles não têm chance de medalha ou será porque não estão preocupados com isso?

Já chegam vencedores. A sombra do belicismo daqueles a quem a paz não interessa não foi capaz de lhes deter. Em Londres, o amanhã se apressa.

Clareia-se o sol entre os descendentes dos filisteus. E flâmulas tremulam elevando o nome de uma terra maltratada pelo imperialismo.

Os generais de Israel – e da América fel – se roem. Após lançar tantos fungos danosos à humanidade, cravando de mortes a terra onde Cristo escolheu viver, impedindo o broto de chegar à mocidade, fazendo vidas valerem menos que poder e tapando o sol com balas de canhão.

Mas em Londres, apesar do olhar gélido da rainha, misturam-se cores num mundo de muitos ventos e costura-se a esperança como um jogral.

Sim, lágrimas em Gaza ainda jorram, o mal continua aí. Mas o reconhecimento desse povo como delegação transforma a vida numa possibilidade menos vil.

Faz da noite dama menos prepotente e faz do futuro algo viável de sonhar.

*Ana Helena Tavares é editora do site “Quem tem medo da democracia?”