Ainda sem data marcada governo abrirá negociação com Fasubra
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, sinalizou que vai oferecer uma proposta para abrir negociação com os técnicos das universidades e instituições federais, representados pela Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra). No entanto, “a proposta que será apresentada, e que é possível, é muito inferior às reivindicações da categoria”.
Publicado 01/08/2012 18:34
A declaração foi dada na reunião ocorrida na manhã desta quarta-feira (1º), solicitada pelos parlamentares das Comissões de Educação e Cultura e de Trabalho e Serviço Público da Câmara dos Deputados, para falar sobre a greve dos servidores públicos federais, em especial os que atuam nas instituições de educação.
Durante o encontro, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB), que faz parte da comunidade universitária, enquanto servidora da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e como ex-dirigente da Fasubra, que dirigiu por mais de 15 anos, ponderou que as medidas de contenção tomadas pelo governo por conta da crise não devem ser impostas somente sob os ombros dos servidores públicos.
Todos os deputados presentes, fizeram um apelo para que o governo solucione os impasses simultaneamente com as categorias representadas pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes-Federação) e Fasubra. Caso isso não aconteça, corre-se o risco de prejudicar o retorno das atividades nas instituições neste segundo semestre.
"Foi uma reunião muito positiva, já que conseguimos fazer com que a miniatra antecipe a reunão com a Fasubra. A ideia é buscar uma saída simultânea para as duas categorias nas universidades. No entanto, ela sinalizou que a proposta para os docentes é final. Mesmo assim, sugeri que seria interessante diluir a proposta do governo em todos os níveis dos professores, não somente para os titulados", declarou ao Vermelho a deputada Alice Portugal (PCdoB), que chegou comentar com a ministra a importância de receber os técnicos antes do dia 13 de agosto, data definida pelo Ministério do Planejamento para apresentação das propostas as categorias.
Consultada depois da reunião, a Pasta reafirmou que as reuniões com os servidores em greve acontecerão somente entre 13 e 17 de agosto. Nenhuma foi marcada para antes dessa data.
"Esperamos que haja uma proposta de fato e não somente reunião para explicar que a conjuntura política econômica não oferece condições de reajuste. Além disso, esperamos que o governo marque antes do dia 13, o que seria uma demonstração de respeito com a categoria", afirmou João Paulo Ribeiro, o JP, secretário nacional de Serviços Públicos e do Trabalhador Público da CTB e coordenador de Organização Sindical da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra Sindical).
Os servidores reivindicam um aumento do piso que passe para três salários mínimos, além de um “step”, ou seja, um internível de 5% entre os níveis da carreira, além da reestruturação da carreira que não contou com grandes mudanças ao longo dos últimos anos."Já são dois anos sem qualquer reajuste, inclusive com acordos assinados e inconclusos, em especial o acordo de 2007, que não foi totalmente comprido e concluído”, lembrou Alice Portugal.
Crise econômica
A Ministra do Planejamento voltou a falar de uma “profunda reestruturação em todas as carreiras do serviço público federal” feita durante os governos Lula e Dilma. E que, agora, “estamos vivendo um novo momento, em que não cabem grandes reestruturações, apenas reajustes pontuais”, referindo-se ao cenário de crise mundial da economia.
Já sobre os professores, o governo mantém a proposta de é reforçar o aspecto da titulação, com foco na qualidade da educação, uma imposição do momento nacional, afirmando que a proposta apresentada aos docentes “é o limite por parte do governo, sendo diferenciada em relação a qualquer outra categoria, pois é um entendimento da Presidente Dilma". Afirmou ainda não ser possível fazer proposta similar para nenhuma outra categoria do serviço público.
Sobre os técnicos administrativos, a ministra afirmou que a categoria recebeu reajuste real nos últimos anos e que as reivindicações apresentadas pela categoria jogariam a folha de pagamento desse segmento que hoje é de R$ 10 bilhões de reais, para R$ 27,7 bilhões de reais por ano. Na oportunidade, observando a situação da economia e do país, levantou um questionamento: “como negociar, com alguém que quer triplicar o salário e que começou a greve em maio?”.
Estiveram presentes na reunião mais de 20 deputados federais, entre eles a deputada Jandira Feghali (PCdoB), e os presidentes das Comissões de Educação e de Trabalho e Serviços Públicos, respectivamente os deputados Nilton Lima e Sebastião Bala Rocha.
Deborah Moreira
Da redação do Vermelho com informações do gabinete da deputada Alice Portugal