Mercosul: Interesse do Brasil é fomentar indústria venezuelana
O assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, declarou que o interesse do Brasil no ingresso da Venezuela ao Mercosul está além das questões energéticas. As declarações foram dadas à imprensa após o ato que selou a entrada da Venezuela no bloco, nesta terça-feira (31), em Brasília.
Por Vanessa Silva, de Brasília
Publicado 01/08/2012 16:06

“Nosso interesse lá é o mercado venezuelano em primeiro lugar e em segundo lugar, a capacidade que teremos de junto com os venezuelanos criar indústrias e desenvolver produtos agrícolas”.
Ele ressaltou que a Venezuela não pode depender exclusivamente do petróleo e que precisa desenvolver seu sistema produtivo: “não é justo que a Venezuela continue a sofrer o que o próprio presidente Chávez chamou de maldição do petróleo, que é: vende o petróleo, produz renda e esta renda é repartida”. Segundo ele, “no passado essa renda era repartida para cima, agora é repartida para baixo, mas não adianta só repartir. Precisamos concretamente ter um sistema produtivo forte na Venezuela”.
Sobre a questão da plena incorporação da Venezuela ao bloco, com a adoção das tarifas comuns, ele ressaltou que “o que estava previsto para quatro anos, queremos ver se revolvemos até 1º de janeiro de 2013”.
Bolívia e Equador
De acordo com Marco Aurélio, foram iniciadas negociações para que Equador e Bolívia também passem a integrar o Mercosul. O diplomata Samuel Pinheiro Guimarães, que em junho renunciou ao cargo de alto-Representante Geral do Mercosul, teria iniciado as conversas com o Equador e o próprio Marco Aurélio vai conversar com o presidente boliviano, Evo Morales, ainda em agosto para avaliar a questão.
Quanto aos demais países sul-americanos, ele ressaltou que existem alguns impedimentos para conversas nesse sentido. “O problema da Colômbia é que ela tem uma tarifa externa diferente da nossa. E tem um Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos. Essa é a situação também de Chile e Peru. O que temos que analisar, e acho que é uma das tarefas que o Mercosul tem pela frente, é examinar se nós podemos criar mecanismos que aprofundem a possibilidade de que países que não estão formalmente nas normas do Mercosul possam efetivamente aí estar”.
Isso não significa, no entanto, romper a “regra do Mercosul de que os países tenham que ter uma tarifa externa comum”, sinalizou.