Chávez: Venezuela no Mercosul corresponde ao interesse nacional

O presidente da República Bolivariana da Venezuela, Hugo Chávez, destacou nesta quarta-feira (1º) que o ingresso da Venezuela no Mercosul se inscreve no mais alto interesse nacional para os venezuelanos, em vista de que representa a abertura de "um horizonte novo que permitirá incrementar a produção nacionalizada".

A entrada da Venezuela no bloco regional favorecerá o estabelecimento de cadeias produtivas complementares na manufatura, na indústria, na ciência e tecnologia, explicou Chávez, durante uma entrevista coletiva que concedeu no hangar do Aeroporto de Maiquetia, estado de Vargas.

"Quando a Venezuela estava subordinada ao modelo econômico internacional dominante e hegemônico de Washington não tínhamos mercado", criticou o presidente.

Ele ressaltou que a não adesão do país ao organismo regional representava um "déficit" para poder alcançar o grande objetivo de consolidar a Venezuela como um país potência, eixo fundamental do Plano Socialista 2013-2019.

"A Venezuela é um país potência dentro de uma grande potência, e a grande potência é a América do Sul, incluindo o Caribe, e o Mercosul é a locomotiva de maior força nos campos político, econômico, industrial, científico", explicou.

Chávez também sublinhou que a América Latina "é a região do mundo que mais alimentos produz", pelo que se abre um grande panorama, contrário a alguns cenários mundiais onde não existe produção nem zonas com condições para seu aproveitamento.

Além da entrada no Mercosul, Chávez consolidou com a Argentina, durante sua visita ao Brasil, um convênio entre a empresa Petróleos de Venezuela (PDVSA) e a estatal argentina YPF.

Ofertas da Venezuela

Havia um consenso entre os mandatários da região de que "faltava ao Mercosul a incorporação da Venezuela", assinalou Chávez. O líder bolivariano detalhou que o país conta com 30 milhões de hectares para a produção de alimentos, além de outros benefícios como recursos minerais, energéticos e os que a industria petroquímica aporta.

O mandatário venezuelano mencionou alguns dos produtos que a Venezuela pode exportar, por exemplo, ao gigantesco mercado do Brasil: vasilhas de vidro, fósforo e hidrocarburantes.

Segundo sua opinião, no curto prazo se verão os resultados positivos quanto ao comércio entre as nações que integram o bloco.

"Temos uma indústria de vidro nacionalizada a qual estamos recuperando", pelo que "um grupo de empresários brasileiros começarão a avaliar a importação de produtos venezuelanos para o Brasil, entre estes vasilhas de vidro".

Igualmente, o governo bolivariano porá à disposição três embarcações para impulsionar a exportação para países sul-americanos. Os navios sairão da Venezuela e chegarão ao Rio da Prata, no Cone Sul da região. Poderão transportar até 960 contêineres de grãos, coque e diferentes produtos.

Saída da CIDH

Por outro lado, Chávez ratificou o caráter reivindicativo da decisão que o governo nacional tomou de acelerar a saída da Venezuela da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte-IDH), diante da sentença que esta última emitiu para obrigar o país sul-americano a indenizar com 15 mil dólares Raúl Díaz Peña, declarado culpado em 2008 pelos atentados às sedes diplomáticas da Colômbia e Espanha em Caracas.

"Quando nós tomamos essa decisão estamos defendendo a dignidade dos venezuelanos. Estamos fazendo uso da liberdade nacional, da independência nacional, para denunciar esse tratado (Convenção Americana sobre Direitos Humanos) e retirar-nos", manifestou Chávez.

Para Chávez, a decisão da Corte-IDH "atropela a dignidade nacional e o direito internacional". O presidente descreveu a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), a qual apresenta os casos ante a mencionada Corte, como "nefasta, podre e degenerada" e disse que organismos como este deveriam desaparecer "porque não estão à altura do mundo novo que está nascendo".

Soberania e democracia

O chefe de Estado apontou que a Venezuela apoiará o reingresso do Paraguai no Mercosul e na União de Nações Sul-americanas (Unasul), logo que o país guarani "regresse a um governo democrático".

"Mais cedo do que se pensa o povo paraguaio porá as coisas em seu lugar e então seguramente nós seremos os primeiros a levantar a mão para aprovar o reingresso do Paraguai democrático no Mercosul e Unasul, de onde está suspenso pela indignidade que atualmente governa o Paraguai", considerou.

Chávez também reiterou que a Venezuela respeita a soberania de cada país do mundo e considera que a Síria deve resolver seus próprios conflitos, contrariamente à política invasiva que a União Europeia e outras nações ocidentais têm conduzido contra países soberanos.

Chávez criticou o empenho dos países europeus e outras potências "em derrocar o presidente da Síria, Bashar al-Assad, sem medir as consequências, derrocar o governo de um país soberano".

Agência Venezuelana de Notícias