Chile: movimentos fazem campanha contra privatização do lítio

A criação dos CEOLs, em fevereiro de 2012, e a maneira silenciosa com a qual o governo chileno tem feito avançar suas medidas à respeito do lítio têm servido também para unir diversos movimentos sociais que antes o consideravam um aspecto menor dentro da problemática da mineração no Chile, e alguns até mesmo ignoravam sua importância – que hoje é quase unânime.

As primeiras organizações sociais a tomar partido a favor do tema foram as dedicadas à defesa da renacionalização do cobre, que continua sendo o recurso mineral mais importante para a economia chilena e principal propulsor do desenvolvimento do país.

Logo se somaram ao grupo diversos sindicatos – também começando pelos de trabalhadores da indústria do cobre e logo se expandido para outras áreas – e outros movimentos sociais, com destaque para o movimento estudantil, que desde o ano passado defendia a nacionalização do cobre como forma de financiar a sua demanda de educação gratuita para todos os chilenos, e que este ano incluiu o lítio em sua petição.

“A abundância de recursos do solo chileno permitiria ao país resolver seus problemas sociais mais crônicos, se eles fossem explorados pelo Estado e não por privados”, defende Camila Vallejo, uma das principais lideranças estudantis do Chile e estudante do último ano de geologia.

Um dos movimentos que tem atuado há mais tempo em favor do tema do lítio, desde antes do alvoroço criado pelos CEOLs, é o Comitê de Defesa e Recuperação do Cobre. O economista Julián Alcayaga, um dos principais porta-vozes da organização, não é tão imediatista quanto às possibilidades do lítio render recursos financeiros ao país, mas critica justamente este ponto na atuação do governo.

“Os contratos especiais demonstram uma pressa desnecessária em explorar um potencial que o país possui e que requer uma política de longo prazo, para ser o motor do desenvolvimento que esperamos que seja”, explicou.

A união de movimentos a favor do lítio e de sua produção estatal, iniciada após o surgimento dos CEOLs, além de inspirar três manifestações populares, também reuniu os diversos grupos em torno da campanha “Chile Põe as Pilhas” (“Chile se Pone las Pilas”, em sua versão original).

Fonte: Opera Mundi