Síria não aceitará chantagens, afirma presidente Al-Assad

O presidente Bashar al-Assad afirmou que a Síria não aceitará chantagens de nenhuma parte para resolver a crise que o país enfrenta, destaca a mídia local nesta quinta-feira (30).

Em uma entrevista transmitida pela televisão Addounia na quarta-feira à noite, o presidente sublinhou que "a base do nosso tratamento com qualquer parte é a ética e os princípios."

Durante uma extensa explanação sobre os distintos problemas que a nação enfrenta, interna e externamente, o presidente abordou as sanções impostas por nações ocidentais contra Damasco e ressaltou que o povo sírio tem a capacidade de lidar com elas e seguir em frente.

A agência de notícias Sana resenha nesta quinta as declarações de Al-Assad e ressalta que "a Síria está lançando uma batalha regional e global, e estamos avançando e a situação está melhor", segundo o estadista.

"À crise atual e ao seu enfrentamento deve ser dado tempo para que se conclua e, na prática, a situação está melhor, mas ainda não se resolveu e isso precisa de tempo", reiterou.

Assad também comentou a proposta do ministro turco das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, de estabelecer uma “zona de segurança” liderada pela ONU dentro da Síria. Segundo ele, a proposta não é realista, mesmo para países que têm um papel hostil em relação à Síria.

Nesse sentido, disse que qualquer zona de segurança deve primeiro ter o consentimento do Estado e certo acordo entre os países. "Nós, como um país não decidimos", enfatizou.

Para Al-Assad, qualquer sírio que aplica um plano extrangeiro e hostil é um inimigo. "A Síria não precisa da luz verde em questões de soberania, nem de amigos, nem de inimigos ou adversários. "

Ele indicou ainda que as ações dos grupos armados são destinadas a destruir o país, a levar a guerra para a maioria das províncias, mas as forças armadas "têm sido muito bem sucedidos nesta esfera", apesar da persistência de enfrentamentos em cidades como Aleppo, Homs e nos arredores da capital, entre outras áreas.

"Todo mundo quer os avanços e o remate contra os agressores aconteça dentro de semanas, dias ou horas, algo que é irracional", disse. Ele salientou que deve haver um prazo de tempo para o desenlace, mas pode ser breve.

Sobre as posições de seus vizinhos sobre o conflito, disse que alguns fazem vista grossa, bem como facilitam, treinam, financiam e enviam todo tipo de apetrechos para os rebeldes, o que constituiria uma violação do Estado sírio.

Ele destacou que, sobre a Turquia, recai uma responsabilidade direta pelo sangue derramado na Síria.

Mas, insistiu, velamos a relação com o povo turco que não se deixa arrastar à agressão, apesar do bombardeio midiático e do apoio material aos rebeldes que o governo de Ancara pratica.

Quanto à luta constante em cidades como Homs, Assad disse que isso se deve ao interesse de preservar a vida dos cidadãos e a propriedade.

"Se não fosse por isso, se as forças armadas usassem todas as suas capacidades militares, incluindo seu potencial de fogo, seriam capazes de esmagar o inimigo em um curto período. Mas isso é inaceitável e não conquistaria os resultados desejados.", disse.

Em relação à solução da crise no país, disse que não há problema com a questão da participação no governo, "mas não aceitamos chantagens e as bases para lidar com qualquer parte é a ética e os princípios. Muitas forças rejeitam o diálogo nacional porque receberam ordens de embaixadas ocidentais e árabes", disse ele.

O presidente sírio afirmou que a Liga Árabe "não fez nenhuma ação concreta em favor da nação árabe, pois o arabismo é uma coisa e a Liga Árabe é outra", sentenciou.

Rússia

O ministério russo dos Relações Exteriores disse nesta quinta (30) que a solução política é a única maneira de resolver a crise na Síria e apelou à comunidade internacional para que deixe de serum observador ante as tentativas de elementos extremistas e terroristas para desestabilizar o país.

Em uma declaração publicada no site do canal Russia Today, o ministro russo de Relações Exteriores fez um chamado a deter imediatamente a violência e passar ao processo político nas bases do Plano de Paz de Kofi Annan e do acordo de Genebra, salientando que não existe alternativa.

O chanceler também rejeitou os atos de violência na Síria e expressou suas condolências aos familiares das vítimas de ataques contra civis, assim como considerou que estas medidas se destinam a atrapalhar a solução pacífica no país.

"Não há dúvida de que algumas potências ocidentais têm interesse no que está acontecendo e não deixam de alimentar a tensão, enquanto torpedeiam todas as medidas possíveis para a solução política", disse ele.

Com Prensa Latina