Anúncio em jornal sobre homossexualidade gera polêmica e crítica

O anúncio publicitário veiculado na Folha de Pernambuco nesta terça-feira ( 4) que vem gerando polêmica e repúdio de vários segmentos da sociedade e também da comunidade de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transsexuais (LGBT) ao equiparar a homossexualidade à pedofilia e à prostituição com o suposto “objetivo de combater o turismo sexual” em Recife.

O deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) divulgou nota repudiando a nota paga pelo Instituto Pró-Vida. “Como 2º vice-presidente da Comissão de Inquérito (CPI) de Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes e homossexual assumido que tem orgulho de sua orientação e escolhas, não posso deixar de manifestar minha indignação”, disse o parlamentar.

E questiona o anúncio que diz "Não queremos 'homossexualismo' em Pernambuco". “Será que o jornal publicaria um anúncio dizendo "Não queremos judeus em Pernambuco" ou "Não queremos negros em Pernambuco"? Eles ainda não perceberam que é a mesma coisa?”

Para o parlamentar, “comparar a homossexualidade à pedofilia ou à prostituição é exatamente o mesmo que comparar essas últimas à heterossexualidade: um absurdo. E comparar a prostituição — que é, para muitas pessoas, uma profissão exercida de maneira absolutamente legal e sem afetar os direitos de ninguém — com a pedofilia — que é um crime cometido contra crianças — é outro absurdo”.

Segundo ele ainda, “o perigo do turismo sexual está na exploração sexual e no tráfico de pessoas – sejam adultos ou menores – que são crimes gravíssimos, mas o anúncio mistura tudo com o claro objetivo de associar esses crimes horríveis a grupos sociais específicos. Isso se chama calúnia”.

As críticas do parlamentar são estendidas ao jornal. “Também prestou um desserviço à comunidade a Folha de Pernambuco, que colocou as questões comerciais acima dos direitos fundamentais da população, desconsiderando por completo o Código de Ética dos Jornalistas, que, desde 1987 quando entrou em vigor no Brasil, coloca os veículos de comunicação sob a responsabilidade jurídica de adequar textos que possam difamar, caluniar ou injuriar pessoas”.

Ao anunciar que irá adotar medidas jurídicas cabíveis ao caso, o deputado diz que “associar a orientação sexual de um grupo que constitui mais de 10% da população brasileira com uma prática criminosa como a pedofilia é também um crime e precisa ser visto e tratado como tal”.

Pedido de desculpas

Nessa segunda-feira (3), uma das páginas da Folha de Pernambuco chegou às bancas com um anúncio do Instituto Pró-Vida, no qual afirmava que o estado não quer conviver com prostituição, exploração sexual de jovens e menores, pedofilia e “homossexualismo”. A publicação do conteúdo publicitário fez com que a equipe do jornal pedisse desculpas na tarde desta terça-feira (4), em texto mantido na versão online do veículo.

Na nota, a direção do jornal declara que nenhum anúncio semelhante voltará a ser publicado. O impresso também divulga que sempre trabalhou para divulgar e promover a tolerância e o respeito com todos os cidadãos. A equipe do veículo de comunicação também ressaltou que o conteúdo do espaço publicitário foi de total responsabilidade do Instituto Pró-Vida, que até o início da noite desta terça não se pronunciou porque se referiu à homossexualidade como doença e porque querem se livrar do “homossexualismo”.

De Brasília
Márcia Xavier