Presidenta da Petrobras defende aumento na produção de etanol  

 A presidente da Petrobras, Graça Foster, defendeu nesta terça-feira (11) o incremento da produção de etanol como resposta ao aumento da demanda por combustível no país. Ela participou de audiência pública no Senado para apresentar o plano de investimentos da estatal até 2016.

 O incremento na produção de etanol, segundo a presidenta da Petrobras, seria a solução mais simples para enfrentar uma eventual escassez na oferta de gasolina do que ampliar a produção desse combustível.

O requerimento para a audiência pública, presidida pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), foi apresentado pelos senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE), José Pimentel (PT-CE) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

Planos para o etanol

Foster disse que a Petrobras tem muitos planos para o etanol, destacando a criação da Petrobras Biocombustíveis, em 2008. Para ela, é importante que a empresa tenha o etanol entre seus produtos, considerada a vantagem competitiva do combustível.

“Se tivéssemos participação maior do etanol hoje, as dificuldades seriam menores. Hoje não dá resultado positivo”, afirmou. Segundo ela, em algum momento os preços do etanol e da gasolina vão se aproximar, chegando a um intervalo que ela chamou de "convergência adequada".

Em defesa da convergência, Foster argumentou que uma companhia com o volume de investimentos da Petrobras tem de trabalhar pela convergência, e não pela igualdade de preços na venda de combustíveis.

“Trabalhamos pela convergência, não acreditamos que a paridade imediata seja saudável para o país. Quem vai investir US$ 71 bilhões em refino não quer que esse mercado (da gasolina) desapareça”, avalia.

Importação de derivados

Foster afirmou ainda que o Brasil importará derivados de petróleo até a entrada em operação de novas refinarias, como as localizadas no Maranhão e no Ceará, classificadas como “absolutamente necessárias”. “A partir de 2014, a produção de petróleo acompanhará a produção de derivados”, afirmou.

Até 2020, explicou a presidenta, o crescimento anual do mercado de derivados vai ser de 4,5%, o do diesel vai ficar em 65%; e o da gasolina vai ser de 23%, mesmo com o etanol estável no mercado. Quanto aos fertilizantes, o crescimento do consumo de amônia no Brasil nos últimos anos foi de 32%, contra 26% no resto do mundo.

Foster lembrou ainda que, entre 2005 e 2010, 63% das reservas em águas profundas no mundo foram descobertas pela Petrobras. “Em agosto de 2012, fizemos nove declarações de descoberta à ANP (Agência Nacional do Petróleo). É o maior conhecimento, o maior nível de maturidade que atingimos na avaliação de nossos dados”, afirmou.

Crescimento e investimento

A Petrobras prevê US$236,5 bilhões em investimentos até 2016, disse Foster. Ela explicou que, além de empreendimentos em vários estados, como as refinarias no Ceará e no Maranhão, até 2020 serão construídas 49 sondas de perfuração, sendo 33 no Brasil.

Foster registrou ainda que, de 2002 a 2011, a produção da Petrobras cresceu 45%, contra 6% da Exxon. A produção da British Petroleum diminuiu 2%, a da Shell caiu 19% e a da Chevron cresceu 2%.

“A Petrobras teve um crescimento muito mais significativo que o das outras majors. Temos 84% do óleo dessa produção e, do gás, 16%. As outras companhias têm muito menos”, afirmou.

Foster também destacou que os investimentos da Petrobras passaram de R$7,6 bilhões, em 1999, para R$72,6 bilhões, em 2010. No mesmo período, o lucro líquido passou de R$1,8 bilhão para R$35,2 bilhões em 2010, “um patamar significativo de resultado liquido para companhia, em valores nominais”, afirmou.

Em defesa da refinaria

Foster disse ainda não concordar “de forma alguma” que tenha havido sobrepreços em obras da estatal, como foi denunciado em relação à Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Ela informou que tem procurado construir um canal de comunicação com o Tribunal de Contas da União (TCU).

Foster disse que na Refinaria Abreu e Lima houve um erro básico de projeto no começo da obra. De lá para cá, esclareceu, houve variação cambial grande, juros de financiamento que não foram considerados e custos no refino internacional.

“A essência (do erro) foi conceitual, em que cometemos erros pela inexperiência na construção da refinaria. A Petrobras passou mais de 30 anos sem construir uma refinaria”, explicou.

A presidenta da Petrobras defendeu a continuidade da obra e a participação da Venezuela no empreendimento, tendo em vista que o projeto foi elaborado para contemplar o transporte de petróleo entre os dois países.

Foster também afirmou que uma nova Petrobras está sendo construída com o passar do tempo. “Temos a Petrobras de dois milhões de barris de petróleo por dia, mas construímos para os próximos cinco anos a Petrobras de 4,6 milhões de barris de petróleo por dia”, afirmou.

Da redação em Brasília
Com Agência Senado