China pede a Panetta que EUA não interfiram em conflito regional

O governo chinês pediu nesta segunda (17) ao secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta – que está iniciando uma visita oficial à China -, que Washington se mantenha afastado do conflito diplomático entre Pequim e Tóquio em torno das ilhas Senkaku/Diaoyu. As autoridades do país aguardavam Panetta com sérias dúvidas de que Washington esteja disposto a contribuir com a paz regional e a estabilidade na região.

"Esperamos que os Estados Unidos possam honrar, seriamente, seu princípio de não se posicionar na questão das ilhas Diaoyu", afirmou em entrevista coletiva o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Hong Lei.

"Washington deveria desencorajar as provocações do Japão e retificar sua posição equivocada de aplicar o tratado de segurança às ilhas Diaoyu", disse hoje um artigo de opinião da agência oficial Xinhua.

A agência disse ainda que a avaliação da visita de Panetta "dependerá de como ele conseguirá assegurar à China que Washington está disposto a fazer mais coisas que conduzam à paz e à estabilidade na região, que agora estão ameaçadas por seus aliados, como Filipinas e Japão".

Altos oficiais dos EUA e da China têm tantado impulsionar as relações militares bilaterais, desde a sua retomada há um ano e meio, após o rompimento provocado pela decisão de Washington de vender armas ao governo separatista de Taiwan, o que foi considerado um insulto por Pequim.

Esse esforço reconciliador, contudo, parece agora entorpecido pelo clima de tensão na região, devido à decisão das Filipinas de rebatizar uma extensa área no mar do Sul da China e à ação do Japão no sentido de nacionalizar o arquipélago Diaoyu, que o governo de Pequim reclama como parte de seu território nacional.

Segundo a Xinhua, que reflete o ponto de vista do governo chinês, Washington tem a responsabilidade de controlar seus revoltosos aliados na região, para prevenir uma escalada na tensa situação regional.

A agência chinesa censurou a atitude de Penetta de querer apresentar os EUA como árbitro imparcial nessas disputas territoriais na região e advertiu que ninguém convidou Washington a desempenhar esse papel. "Para sermos francos, os Estados Unidos não estão qualificados para atuar como juiz nessas disputas, porque não desempenhou um pepal construtivo nesses processos", destacou a Xinhua.

Em visita ao Japão, Panetta disse nesta segunda-feira (17) que os EUA não tomam posição sobre a questão das Ilhas Diaoyu, esperando uma resolução pacífica entre a China e o Japão. Ele deu a declaração durantes as conversas com funcionários governamentais do Japão em Tóquio.

O ministro das Relações Exteriores do Japão, Koichiro Gemba, e Panetta concordaram que os dois países devem cooperar para prevenir que as relações sino-japonesas sejam severamente prejudicadas, disse Gemba aos jornalistas após a reunião.

"Uma coisa importante nas relações entre o Japão e a China é evitar o mau entendimento e o mau juízo", destacou Gemba, acrescentando que é necessário ter uma comunicação mais forte e não agravar a situação.

Panetta também discutiu com o ministro japonês da Defesa, Satoshi Morimoto, o desenvolvimento da aeronave Osprey em uma base marítima em Okinawa, um plano que provocou forte oposição local.

Em sua visita a Pequim, está previsto um encontro com Xi Jinping, o atual vice-presidente, segundo informaram funcionários do Departamento de Defesa dos EUA. A viagem faz parte de esforços dos EUA e da China para promover relações militares mais próximas e maior transparência entre ambos os lados. A viagem ocorre justamente em um momento em que os norte-americanos anunciaram que estão ampliando a sua presença militar na Ásia, o que desagrada a China.

A reposição de tropas, aviões e unidades navais estadunidenses na região despertou sérias suspeitas do governo chinês de que esses movimentos do Pentágono estariam direcionados ao objetivo de estender um cordão militar para conter o país.

Com agências