Mineiros sul-africanos conseguem reajuste e encerram greve

Os trabalhadores em greve na cidade sul-africana de Marikana entraram em acordo nesta terça-feira (18/09) com a companhia de mineração Lomnin, colocando fim a mais de cinco semanas de protestos, que terminaram levando à morte de pelo menos 45 pessoas.  

A AMCU (Associação de Sindicatos de Mineiros e Operários da Construção na sigla em inglês), que representou os mineiros nas negociações, aceitou a oferta de aumento salarial de 22%, apesar de ser abaixo de suas expectativas iniciais. A Lomnin argumentou que teria de demitir centenas de funcionários se acatasse os pedidos dos grevistas.

Com a mudança, os trabalhadores passarão a receber 6,5 mil rand (1,6 mil reais) a mais em sua renda mensal, quase que a metade do valor negociado inicialmente que chegava a 12,5 mil rand (3 mil reais) de acréscimo por mês, segundo o jornal britânico Guardian.

A notícia foi recebida com comemoração por centenas de mineiros reunidos em um campo de futebol próximo à mina, informou a agência Reuters. “O aumento de 22% é muito alto”, disse o bispo Jo Seoka que presidiu as conversas entre os mineiros e a mineradora.

O reajuste salarial põe fim à greve dos operários, que devem voltar ao trabalho na próxima quinta-feira (20), aliviando a pressão sob a Lomnin, cuja produção despencou nas últimas semanas. O acordo vem apenas um dia depois da empresa anunciar que, por conta dos prejuízos, não inauguraria um novo eixo e deixaria de contratar 1,2 mil pessoas.

Novos protestos

A luta trabalhista dos mineiros da Lomnin ficou conhecida mundialmente depois que a polícia sul-africana abriu fogo contra milhares de trabalhadores no dia 16 de agosto deste ano. Pelo menos 45 operários morreram e dezenas ficaram feridos em decorrência da repressão. O ataque foi considerado o episódio mais violento no país desde o fim do regime de segregação racial, em 1994.

Os protestos dos operários de Marikana deram visibilidade à luta dos mineiros sul-africanos por melhores condições trabalhistas. Nesta manhã (18/09), um grupo de grevistas também exigiu aumento salarial da mineradora Anglo Platinum em Joanesburgo.

No dia 3 de setembro, trabalhadores protestaram em frente à mina de Springs, controlada pela empresa Gold One, e foram reprimidos pela polícia sul-africana. Em junho deste ano, depois de uma série de manifestações, a Gold One conseguiu uma interdição judicial proibindo qualquer tipo de protesto em suas minas. Como consequência disso, dezenas de trabalhadores foram demitidos, mas muitos continuam a se manifestar contra a política da empresa.

Fonte: Opera Mundi