Observatório exige fechamento da Escola das Américas

No esforço de concretizar o fechamento da Escola das Américas, demanda exigida há mais de 20 anos, integrantes do Observatório da Escola das Américas (SOAW, por sua sigla em inglês) participaram na última segunda-feira (17) de reunião com Denis McDonough, vice-presidente da atual administração estadunidense para assuntos de segurança nacional.

Sobreviventes da tortura, líderes religiosos e sindicais, membros do Congresso e acadêmicos, apoiados por ativistas e organizações de direitos humanos do mundo todo foram ao encontro de um dos mais altos funcionários da Casa Branca para explicar porque a Escola das Américas deve encerrar já suas atividades.


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O motivo da demanda é simples. A Escola das Américas, fundada em 1946 no Panamá e transferida em 1984 para Fort Benning, na Geórgia, é chamada por muitos de "A Escola de Assassinos”. Nas palavras de Jorge Illueca, que já foi presidente do Panamá, esta iniciativa é "a base maior para a desestabilização na América Latina”. O motivo é que, de acordo com o Observatório, a Escola serve unicamente para ensinar lições de crueldade, tortura e repressão.

Em seus 66 anos de funcionamento, já treinou mais 60 mil soldados de países da América Latina em técnicas de combate, táticas de comando, inteligência militar e técnicas de tortura. Hoje, chamada de Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação de Segurança (WHISC, por sua sigla em inglês) continua em plena atividade e treina, por ano, mais de mil soldados de diversos países.

Os egressos desta "Escola” são conhecidos pelas torturas, violações, assassinatos, desaparecimentos e massacres. Ao retornarem a seus países, os soldados e oficiais treinados na Escola das Américas perseguem defensores/as de direitos humanos, sindicalistas, pobres, campesinos e demais ativistas que lutam por direitos. Eles são conhecidos também por agirem brutalmente nos períodos de ditadura.

Apesar da persistência do funcionamento desta iniciativa erroneamente chamada de Escola, alguns avanços vêm acontecendo nos anos de luta pelo seu fechamento. Neste mês, o presidente nicaraguense Daniel Ortega assegurou que o país retirou suas tropas e não as enviará mais para serem treinadas na Escola das Américas.

No último dia 4, uma delegação do Observatório da Escola das Américas, conduzida por seu fundador, o sacerdote Roy Bourgeois, se reuniu com Ortega para solicitar o fim do envio das tropas nicaraguenses. Na ocasião, o presidente assegurou que já vinha reduzindo o envio de soldados e afirmou a decisão de retirar totalmente as tropas nicaraguenses.

O mesmo foi feito pela Argentina, Bolívia, Uruguai, Venezuela e Equador. Já Colômbia, Chile, Peru, Panamá, Honduras, República Dominicana, El Salvador, Guatemala, Costa Rica, Paraguai, México, Jamaica, Belize e Brasil continuam a enviar soldados e oficiais para receberem treinamento nesta academia militar.

Fonte: Adital