Wagner Gomes: Derrotar a direita e avançar nas conquistas

As classes dominantes brasileiras sempre procuraram afastar os movimentos sociais e a classe trabalhadora das lutas políticas nacionais.

Por Wagner Gomes*

Ao mesmo tempo em que procuram criminalizar as lutas populares, apelam com velhacaria à desmoralização da política, sugerindo que os concorrentes a cargo público eletivo são movidos por interesses menores, que todo político é, por definição, corrupto e inescrupuloso, sendo a política, por consequência, uma atividade incompatível com os homens (e mulheres) de boa vontade.

O senso comum assimila de forma acrítica esta falsa consciência, que a ideologia dominante cria e reproduz incessantemente através da mídia hegemônica com o objetivo de afastar o povo da política, sabotar a consciência popular, embaralhar o jogo político e perpetuar o domínio das forças conservadoras. Essas representam os interesses dos grandes capitalistas, banqueiros, latifundiários e multinacionais ou de tudo aquilo que em geral se considera o “poder econômico”, que efetivamente recorre à corrupção ativa para manter o controle sobre os políticos e as instituições, em especial por meio do financiamento das campanhas.

A experiência, associada à reflexão crítica sobre a história e a sociedade, indica que a vida não é como o pensamento dominante pinta. A política é a arena da luta de classes, onde se digladiam os interesses contraditórios entre trabalhadores e capitalistas, camponeses e latifundiários, os países mais pobres e as potências capitalistas. Há políticos de direita e de esquerda, corruptos e honestos, defensores das elites e do povo. É ingenuidade colocar um sinal de igualdade entre eles, equiparar Lula a Serra ou a FHC, por exemplo.

É necessário refletir e aprender a separar o joio do trigo. A participação ativa nos processos políticos eleitorais é um dever indeclinável do movimento sindical e da classe trabalhadora brasileira. E não é diferente em relação às eleições municipais de setembro, em que o poder político é, em geral, disputado por forças sociais com interesses opostos e, apesar do foco principal nos problemas locais, os projetos nacionais também estão em disputa. O resultado das urnas será determinante da correlação de forças para o pleito presidencial de 2014, quando também o Congresso Nacional será renovado.

É dever de todo sindicalista classista participar ativamente do processo eleitoral com o objetivo de eleger candidatos identificados com a classe trabalhadora e o povo, compromissados com as demandas dos movimentos sociais, bem como derrotar os inimigos ou falsos amigos do povo, alinhados com as forças conservadoras e orientados pela ideologia neoliberal.

Não é difícil identificar quem é quem no atual cenário, de forma a separar os políticos e partidos que realmente são dignos da confiança popular dos políticos oportunistas e das legendas reacionárias, enganadoras, que abrigam velhas raposas da direita e vendem gato por lebre. A eleição de representantes da classe trabalhadora reforçará as lutas locais e nacionais por mudanças mais profundas e ampliação das conquistas sociais no país, abrindo caminho a um novo projeto nacional de desenvolvimento fundado na valorização do trabalho, soberania e democracia.

*Wagner Gomes é presidente nacional da CTB.

Fonte: Portal CTB