Seminário sobre política externa defende integração do Mercosul

Prossegue nesta quarta-feira (19) o seminário promovido pela Comissão de Relações Exteriores da Câmara e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre “Os desafios da política externa brasileira em um mundo em transição”. O evento, iniciado ontem (18), aborda as transformações dos cenários e conjunturas internacionais e os desafios e oportunidades que se colocam para o Brasil dentro desse contexto de grandes mudanças.

Nos debates de ontem, os palestrantes foram unânimes na defesa da integração do Mercosul. O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães defendeu uma participação maior do Brasil na política externa e o fortalecimento do Mercosul.  Na avaliação da presidente da Comissão de Relações Exteriores, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC-foto), o Mercosul é um “processo irreversível”, embora enfrente problemas.


As tensões nas relações comerciais da América Latina com a China mostram, na avaliação do pesquisador do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), Ronaldo Carmona (Foto), a necessidade de se aprofundar a integração sul-americana. Ele cita como um dos desafios mais importante a criação de um fundo para industrialização da região.

O chefe da missão do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em Caracas, Pedro Barros, considera importante uma reflexão maior sobre a aproximação do Brasil com as Guianas e Suriname, com a integração de infraestrutura energética e de transporte.

Outras relações

Para o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães (foto), o Brasil não deve priorizar apenas o mercado interno e o Mercosul, mas manter intercâmbio comercial com a África, por exemplo, principalmente por suas semelhanças com o Brasil.

Guimarães destacou também a importância das negociações com a China para investimento e produção no Brasil no setor de minério, além de alertar para a necessidade de investimentos na indústria de defesa para o Brasil. “O País não tem defesa se não investir no setor”, afirmou.

O professor da USP, Paulo Daniel Elias Farah, salientou a importância da aproximação do Brasil com o Oriente Médio, argumentando que o País poderá se beneficiar, por exemplo, de técnicas de irrigação. O desafio para um intercâmbio maior, na opinião do professor, seria a falta de especialistas em temas árabes. Ele acha importante o ensino do idioma nas escolas brasileiras.

Novas discussões

O seminário está sendo realizado no auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados. As discussões nos painéis que compõem a programação servirão para catalisar ideias e elaborar subsídios úteis à formação de uma agenda de políticas relacionadas ao tema.

Os painéis de hoje são Crise e Reforma do Sistema Financeiro Internacional; Brasil e a Geopolítica da Energia; O Brasil e a Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e
Ascensão da China: desafios para o Brasil. Os painéis contarão com a participação de representantes do poder Executivo, parlamentares, prefeitos, embaixadores e pesquisadores do Ipea e de outros institutos de pesquisa.

Da Redação em Brasília
Com informações da Com. Rel. Exteriores