Trabalhadores dos Correios decretam greve por tempo indeterminado

Cerca de três mil e quinhentos trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) da capital paulista aprovaram, em assembleia, na noite de terça-feira (18), uma greve por tempo indeterminado a partir da zero hora desta quarta (19). Em pelo menos outros 18 estados os carteiros fizeram o mesmo. A categoria alega que desde junho, quando iniciou a campanha salarial, vem tentando diálogo com a empresa, que ofereceu 5,2% e foi rejeitado pela categoria.


No CMTC Clube, Zona Norte de S. Paulo, a maioria dos 3.500 carteiros presentes em assembleia decidiu pela greve a partir desta quarta (19)

“A gente já deu um tempo para a empresa, demos demonstrações de que queríamos negociar, agora, chega um momento que o trabalhador pressiona e quer resultado. Só nos ofereceu 3% e, depois, 5,2%. A gente colocou para a empresa, do governo federal, que se fizesse proposta somente de reposição da inflação, os trabalhadores deflagrariam a greve. Além disso, agora também a ECT está ameaçando diminuir conquistas referentes ao plano de saúde da categoria”, declarou ao Vermelho Ricardo Adriane R. de Souza, o Nego Peixe, secretário-geral do Sindicato dos Correios de São Paulo (Sintect-SP), filiado à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), logo depois da assembleia que aconteceu no CMTC Clube, na Zona Norte da cidade, por volta das 19h30.

Durante cerca de uma hora e meia, os trabalhadores fizeram leituras das propostas até então apresentadas pelas partes. Um dos trabalhadores chegou a propor que fosse deflagrada somente uma greve de 24 horas para pressionar e que, caso não houvesse resultado melhor  para os carteiros, ai sim seria iniciada uma paralisação sem previsão para terminar.

Ele se referiu à primeira audiência de conciliação marcada para as 10h30 desta quarta-feira (19), da ação de dissídio coletivo, protocolada pela empresa no Tribunal Superior do Trabalho (TST), contra a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect). Vale lembrar que, na sexta (14), o TST negou o pedido de liminar formulado pelos Correios contra a greve, até então somente no Pará e de Minas Gerais.

A proposta de paralisação temporária não ganhou eco no recinto lotado de carteiros e atendentes que, a todo momento, erguiam seus punhos e mostravam cartazes que pediam a greve. Logo, por maioria absoluta, aprovaram a paralisação.

“A decretação da greve só mostra que somos uma categoria fortalecida. Começamos em junho, protocolando a primeira proposta naquele mês. A campanha acabaria no dia 11 de setembro e prorrogamos até hoje (18). Agora, temos que ir para as bases, fazer piquetes, mobilizar outros companheiros a aderirem ao movimento, fortalecendo a greve rumo a vitória”, acrescentou Peixe, como também é conhecido.

Dos 35 sindicatos da categoria, que representam cerca de 110 mil trabalhadores, dez ainda farão assembleias até terça-feira (25). Em 2011, também houve greve. Neste ano, quatro sindicatos, que se desvincularam da federação (São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins e Bauru) reivindicam 5,2% de reposição, 5% de aumento real e reajuste linear de R$ 100; aumento do tíquete-refeição de R$ 25 para R$ 28; um talão extra do tíquete-refeição em dezembro; aumento do vale-cesta de R$ 140 para R$ 160; e manutenção de assistência médica tal qual foi negociada em 2011.

Já o comando de negociação da Fentect reivindica 43,7% de reajuste, R$ 200 de aumento linear e piso salarial de R$ 2,5 mil.

O salário-base inicial de carteiros, atendentes comerciais e operadores de triagem e transbordo é R$ 942.

A empresa defende que os 5,2% oferecidos garantem poder de compra e repõem a inflação do período. No blog institucional da empresa, foi postado instantes antes do resultado das assembleias a seguinte afirmação: "Uma paralisação traz prejuízos financeiros e de imagem para a empresa, para a sociedade e para o próprio trabalhador".

Deborah Moreira
Da Redação
(texto e fotos)