Ato unifica mobilização dos trabalhadores em campanhas salariais

Para fortalecer a unidade entre as categorias que estão em campanha salarial neste segundo semestre, as centrais sindicais promoveram na manhã desta quinta-feira (20) um ato na Avenida Paulista, na altura do número 1.400, em frente ao banco Bradesco, em São Paulo (SP). Estavam presentes metalúrgicos, bancários, carteiros e petroleiros. Categorias bastante representativas, que têm grande força mobilizadora.


Onofre Gonçalves, presidente da CTB-SP, discursa durante ato unificado das centrais na capital paulista

Os trabalhadores são representados pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Conlutas e Intersindical, que estavam presentes no ato.

“É fundamental a unidade dessas categorias em luta. Sem a unidade, sem a força dos trabalhadores nas ruas, provavelmente não será possível fazermos com que governos e patrões recuem na tentativa de tirar direitos de trabalhadores. É na rua, na luta unificada, que vamos conseguir manter nossos direitos e avançar nas conquistas. Só assim é que vamos vencer”, disse Onofre Gonçalves de Jesus, presidente da CTB São Paulo, que questiona o porquê da negativa dos patrões com relação ao ganho real. “Não tem motivo nenhum para negar ganho real aos trabalhadores. O cenário é favorável”, completou o dirigente da CTB.

Vale lembrar que o Brasil é atualmente o 5º maior Produto Interno Bruto (PIB) mundial e que medidas vêm sendo tomadas para evitar que a crise econômica europeia atinja o país como a desoneração da folha de pagamento e redução do IPI.

Os banqueiros, por exemplo, oferecem 6% de reajuste, que equivale a 0,58% de aumento real. A categoria reivindica 10,25% de aumento real, valorização do piso salarial, PLR maior, mais empregos e fim da rotatividade, melhores condições de saúde e trabalho, mais segurança nas agências e igualdade de oportunidades.

Já a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) oferece um reajuste de 5,2%, que representa apenas o menor índice da inflação.


Carteiros presentes: a categoria, que deflagrou greve desde quarta (19), é uma das mais representativas do país
 

Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), ligada à CUT, e coordenador nacional do Comando dos Bancários, destacou que a orientação que está sendo dada aos bancários, em greve desde a terça-feira (18), é de ampliar o movimento a cada dia. Haverá uma reunião de avaliação da paralisação na sexta-feira (21) quando devem ser elaboradas estratégias para ampliar o movimento para outros setores dentro das instituições financeiras.

“Tivemos cinco rodadas de negociação, foram enviadas cartas, comunicados. É muito estranha essa inércia da Fenaban [Federação Nacional dos Bancos]. Todos sabem que com essa proposta não fecha. Queremos entender o que significa esse silêncio dos banqueiros. Então não temos outra alternativa se não ampliar a greve para ver se eles voltam para a mesa de negociação”, falou Carlos Cordeiro, que rebateu o que os banqueiros têm afirmado de que o piso da categoria supera a casa dos R$ 2 mil reais.

Segundo ele, o piso utilizado na conta da entidade patronal é o de Caixa, de R$ 1.900, que não representa a maioria da categoria. A maioria é formada por Escriturário, cujo piso é de R$ 1.400. “Normalmente, a Fenaban, para maquiar, usa o piso maior e soma os tíquetes refeição e alimentação. Ora, todo trabalhador tem tíquete. E se pegar um salário de bancários com tíquete e tal, quando se aposentar terá uma perda de uns 50% na remuneração. Então, pergunte à Fenaban se quando ele [bancário] se aposentar vai levar os tíquetes refeição, alimentação, se ele tem previdência complementar”, questionou o dirigente.


Milhares de agências bancárias estão fechadas e até "lacradas" por conta da paralisação nacional, como esta na Avenida Paulista (São Paulo)

Chegou a 7.324 o número de agências e centros administrativos de bancos públicos e privados fechados até a quarta-feira (19), segundo dia da greve nacional dos bancários. O número é calculado com base nos dados enviados até as 17h45 pelos 137 sindicatos que integram o Comando Nacional da categoria, como os sindicatos da Bahia (248 agências), de Vitória da Conquista (56), de Feira de Santana (33); de Ilhéus (16); de Irecê (31); de Jacobina (22); de Jequié (15); de Itabuna (28); de Camaçari (13); de Barreiras (21); de Juazeiro (22), e de Sergipe (124), todos esses filiados à Federação dos Bancários dos Estados da Bahia e Sergipe (Feeb-Base). No total, 629 agências deixaram de funcionar no segundo dia de greve.

Alex Livramento, dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo e do Núcleo dos Trabalhadores Bancários da CTB dentro do sindicato, explicou a importância da unidade para os bancários e demais categorias: “É somente através dessa unidade que podemos fazer frente ao grande sistema financeiro, as grandes empresas e a intransigência do governo em negociar com seus trabalhadores. Quando as categorias fortalecem a unidade, fortalece sua agenda, sua plataforma, também unificada, e, assim, fortalece a luta e garante maiores conquistas."

Também do Núcleo da CTB no sindicato de São Paulo, Edson José de Oliveira também lembrou a conjuntura política-econômica favorável para o país e alertou para as tentativas do capital de dividir a classe trabalhadora.

"Estamos numa fase histórica e conjuntural no país a qual é favorável para os trabalhadores. Ocorre que os empresários e o capital sabem disso, como sou bancário eu vivo isso. Então ficam [os banqueiros] querendo cooptar os trabalhadores para dividir a classe trabalhadora. Por isso é importante esse ato", enfatizou o trabalhador.

Deborah Moreira,
Da Redação
(texto e fotos)