Falta de recursos energéticos é motivo de disputa entre nações

Os especialistas que participaram esta semana do Seminário Política Externa Brasileira: Desafios em um mundo em transição, na Câmara dos Deputados, foram unânimes na constatação de que os recursos energéticos, como petróleo, gás e biocombustíveis mais facilmente captados, já foram quase totalmente consumidos, por isso, surge um acirramento da busca e do controle desses recursos pelos países.

Falta de recursos energéticos é motivo de disputa entre nações - Agência Câmara

O papel do mercado energético na gerência das políticas externas nacionais foi tema de debate do evento promovido pela Comissão de Relações exteriores da Câmara e reuniu como palestrantes o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, representando o Ministério das Relações Exteriores; o diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Helder Queiroz; o ex-diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, e o presidente da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da América do Sul, Darc Costa.

Darc Costa resumiu a situação de disputa entre as nações por acesso e controle de fontes de energia, importante fator do desenvolvimento dos países. O consumo energético mundial precisa ser mais equilibrado. Conforme ele, Estados Unidos e Canadá têm 5% da população mundial e consomem 28% da energia do mundo. “A China, por sua vez, já consome mais energia que os Estados Unidos. A tendência é dobrar nos próximos 30 anos. As grandes questões estratégicas são energia, alimento e água”, alertou.

Para Haroldo Lima, ex-diretor geral da ANP, apesar da fase promissora na exploração de petróleo no Brasil, o momento é de mudanças no foco da produção energética. “O que está acabando é a era do mercado de petróleo fácil. Resta um petróleo difícil, árduo, em alto mar, em águas profundas, dificílimo de captação, caríssimo, mas esse tem em quantidade. No entanto, o que vai decidir o caminho energético mundial, ao contrário, são as fontes de energia pura, como o biodísel, a energia eólica e solar”.

Para o embaixador Luiz Alberto Figueiredo, há uma busca mais intensa por recursos alternativos, que são aliados na problemática do clima. O setor energético é o combustível para o desenvolvimento de qualquer país e o Brasil é um felizardo porque possui um equilíbrio bastante interessante, que não se vê em nenhum país: a possibilidade de utilização de fontes de energia fósseis e alternativas”, declarou.

Para o embaixador, que foi o secretário do Brasil na Conferência Rio+20, gás, petróleo e carvão devem continuar como as principais fontes de energia nas próximas décadas, mas é necessário um investimento sério em fontes alternativas de energia.

Caso brasileiro

Ainda no caso brasileiro, o diretor da ANP, Helder Queiroz, ressaltou as mudanças na posição do Brasil no mercado internacional de petróleo, que saiu de dependente à autossuficiente na produção.

“A posição do Brasil é extraordinária. A descoberta do Pré-Sal eleva o Brasil à posição de importante produtor e futuro exportador mundial de petróleo. Segundo alguns cálculos, o Brasil poderá ser a nona reserva mundial, por isso, é latente a possibilidade de nos tornarmos protagonistas deste mercado. Mas, se espera que o Brasil agregue valor a seus produtos e o momento é muito propício para isso”, avalia Queiroz.

Da Redação em Brasília
Com Agência Câmara