IBGE vai mudar metodologia usada para aferir PIB

A presidenta do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Wasmália Bivar, disse nesta quarta-feira (19) que as alterações na metodologia estão previstas para serem divulgadas entre o fim de 2014 e início de 2015.

Segundo ela, haverá mudança no tratamento de ativos, instrumentos financeiros e dados de empresas multiterritoriais – no caso do Brasil, a hidrelétrica de Itaipu, por exemplo.

Em investimento, que cai há quatro trimestres sobre o trimestre anterior, serão incorporados gastos com software, pesquisa e desenvolvimento, além de gastos militares e com banco de dados. A informação foi publicada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

Impacto ainda não calculado

Há pressão no governo para que o investimento aumente no Brasil diante do fraco desempenho da economia. No primeiro semestre, o crescimento foi de apenas 0,6%, o menor desde a recessão de 2009. A parcela do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) destinada a aumentar a capacidade produtiva do país, a taxa de investimento, estava em 17,9% no terceiro trimestre, menor que a do mesmo período de 2011, de 18,8%.

A mudança agregaria valor à taxa, mas o IBGE não faz cálculos sobre esse impacto. Wasmália taxa de "especulação" qualquer conta nesse sentido:

1 – Mudanças nos pesos dos setores ou na variação são meras especulações. Ainda são desconhecidas, mas podemos adiantar que o impacto nas estruturas das Contas Nacionais será bem menor que em 2007, quando várias bases de dados foram incorporadas ao PIB.

Na indústria, que deve fechar o ano em queda, a principal alteração será a retirada de edição e impressão de um dos maiores setores da economia. Na produção industrial, o setor representa 4%. O grupo passará a ser integrado em serviços.

2 – O entendimento nas discussões da Comissão de Estatísticas das Nações Unidas é que a produção de livros e jornais é intelectual. É importante destacar que essas formas diferentes de medir o PIB ainda não estão em vigor em nenhum país do mundo – disse Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais do IBGE.

Sobre a nova metodologia para medir o investimento, Luciano Coutinho, presidente do BNDES, afirmou que se trata de uma questão técnica:

3 – O que interessa é a tendência. Sempre achávamos que havia certa subestimativa da formação de capital (nos dados do PIB), mas isso é tema técnico. O importante é que precisamos poupar mais e investir mais – afirmou. – Nenhuma economia consegue crescer sem elevar investimentos para evitar gargalos ou para corrigir grandes ineficiências.

Segundo Wasmália, a série será revisada de 1996 até hoje. Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, a nova forma de cálculo da participação da indústria é complexa, mas a do investimento está em linha com o resto do mundo:

4 – Nos EUA, há muito tempo os dispêndios com software são contabilizados como investimentos para novos projetos, não é só trocar o software da folha de pagamento.

Fonte: O Globo