Políticas de austeridade causam polêmica na França

O processo para a ratificação do tratado de austeridade europeu produz nesta segunda (24) na França uma ampla polêmica, que pode levar inclusive à fragmentação da aliança entre o Partido Socialista e a Europa Ecologia Os Verdes (EELV).

Aprovado em março por 25 dos 27 países da União Europeia (UE), o acordo intergovernamental impõe graves restrições orçamentais aos países membros do bloco para manter sob controle a dívida pública e o déficit fiscal.

O chamado Tratado de Estabilidade, Coordenação e Governança na Europa também inclui sanções automáticas para os países que ultrapassem o déficit anual de três por cento do seu produto interno bruto.

Em um momento em que o desemprego na França ultrapassa 10 por cento da população em idade de trabalho, vários setores rejeitam a aplicação das regras da UE que obrigarão o Estado a reduzir ainda mais os gastos sociais.

Este fim de semana, o partido Europa Ecologia Os Verdes juntou-se às organizações que se opõem à ratificação do acordo intergovernamental por considerar que ele não vai resolver a atual crise na zona euro. "A única solução possível é votar pelo 'não'", disse a ex-candidata presidencial de EELV, Eva Joly.

Os ecologiastas, aliados do governo do Partido Socialista (PS), rejeitaram os planos do chefe de Estado François Hollande de ratificar um tratado conduzido pelo ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel.

Mesmo dentro do próprio PS há alguns deputados, como Jérôme Guedj, que acreditam que estão condenando a Europa a um rigor eterno.

O Partido de Esquerda, os comunistas e as diversas organizações sindicais também alertaram para as conseqüências de continuar com as políticas de ajuste no continente.

"Esses planos não levam a lugar algum porque, em vez de estimular a economia, provocam a estagnação da produção e aumentam os custos sociais dos países onde são aplicados, disse Jean-Luc Mélenchon, co-presidente do Partido de Esquerda.

Mélenchon criticou o que ele chamou de "silêncio ou esquecimento de nossos camaradas do Partido Socialista", sobre programas de austeridade após as eleições presidenciais e legislativas.

Durante sua campanha eleitoral, Hollande se comprometeu a renegociar os acordos assinados por Sarkozy, mas no final só conseguiu incorporar um fundo para a recuperação econômica dotado de 120 bilhões de euros.

Para 30 de setembro está sendo convocada na capital nacional uma marcha durante a qual se reivindicará a realização de um referendo sobre estas questões.

De acordo com uma pesquisa divulgada em Paris, 72 por cento dos franceses advoga pela convocatória de um referendo sobre uma questão que incide sobre todos os cidadãos.

Fonte: Prensa Latina