Itaú reduz taxa de cartão de crédito para um dígito

Em mais um capítulo da cruzada da presidenta Dilma Rousseff pela redução dos spreads bancários, o Itaú Unibanco anunciou nesta terça-feira (25) que até o fim deste ano irá reduzir as taxas de juros cobradas em todas as operações de cartão de crédito para um dígito. No rotativo, por exemplo, a taxa máxima cobrada ao mês será de 9,9%.

Ao mesmo tempo em que baixou os juros do cartão tradicional, o Itaú Unibanco vai acelerar a implementação do produto que quer tornar seu carro-chefe para sustentar a queda das taxas daqui para a frente, o Itaucard 2.0.

Com juros de 5,99% ao mês, o plástico, que até agora só era oferecido para quem quisesse ter um novo cartão, passará a ser ofertado para os clientes que quiserem trocar o produto que já têm. Apesar das taxas mais baixas, o cartão não dá os 40 dias sem juros para quem não pagar a fatura em dia, seguindo um padrão internacional.

"Nossa estratégia é diferente daquela do Bradesco. Temos alternativas mais baratas do que os 6,9% ao mês", disse Roberto Setubal, presidente do Itaú, em encontro com analistas e jornalistas, ontem. Na véspera, o Bradesco reduziu a taxa de juros do rotativo de 14,9% para 6,9% mensais, afirmando que não pretende criar um novo modelo de cartão.

Para Setubal, porém, uma coisa é certa: a redução de spreads veio para ficar. "No ano passado, na preparação do orçamento [de 2012], a gente já previa que teríamos taxas de um dígito", ressaltou.

Com o objetivo de enfrentar um ambiente que o banqueiro classificou como "desafiador", a instituição já definiu uma série de passos. Aumentar a receita de serviços, melhorar a eficiência operacional e reduzir perdas com crédito são alguns deles.

"Nesse novo cenário, o foco do Itaú Unibanco são produtos de menor risco", afirmou o presidente do conselho de administração do banco, Pedro Moreira Salles, citando os esforços do banco para crescer em serviços e seguros.

A oferta de fechamento de capital da Redecard, concluída anteontem, vai ao encontro dessa estratégia. "Representa a oportunidade de ofertar combinação de produtos muito maior", disse Setubal. O Itaú vai buscar maior integração comercial com a base de empresas que hoje é da Redecard, mas que ainda não é cliente do banco.

Ao mesmo tempo, a ideia é reforçar as sinergias com a Hipercard, que faz a emissão de cartões, o credenciamento de lojistas e atua como bandeira. "É a terceira bandeira local. Com a integração, pretendemos acelerar as oportunidades de alavancagem dessa bandeira", disse Marcio Schettini, vice-presidente do Itaú Unibanco.

O mix da carteira do banco também vai se transformar. Os empréstimos consignados, por exemplo, vão passar a representar mais da metade da oferta de crédito pessoal do Itaú em razão da joint venture com o BMG. A projeção é que essa modalidade represente 57% da produção de crédito pessoal do banco no primeiro semestre do ano que vem, ante os 41% atuais. Na primeira metade de 2011, a fatia era de 29%. "Isso muda o perfil de risco que estamos operando", afirmou Setubal.

O objetivo é ampliar a fatia de créditos com garantia para reduzir as perdas com devedores duvidosos. "É preciso reduzir as perdas de crédito para se ter uma queda nas taxas de juros que seja sustentável", afirmou. "O que temos ganhado acima do custo de capital é relativamente pouco."

Outra frente de ação para sustentar os spreads mais baixos são os ganhos de eficiência. Até 2014, o banco quer atingir um índice de eficiência de 41%, ante os atuais 45%. Para isso, o banco vem reestruturando áreas como a de cartões e cortando funcionários.

Ontem o Itaú anunciou que investirá R$ 10,4 bilhões em tecnologia, inovação e atendimento de 2012 a 2015, com o objetivo de melhorar a eficiência das operações. Só com o novo centro de processamento de dados, que será erguido em Mogi Mirim (SP), a economia em energia será de 40%.

Fonte: Valor Econômico