Após pressão, Natal revoga reajuste da tarifa do ônibus
Depois de três semanas de intensas mobilizações protagonizadas pela juventude na chamada "#Revolta do Busão!", quando os natalenses discutiram amplamente sobre o seu direito de ir e vir, com intensos protestos, foi revogado o reajuste na tarifa dos ônibus de R$ 2,40 para R$ 2,20. O fato tem inspirado outras mobilizações pelo país.
Publicado 27/09/2012 17:04
As recentes mobilizações contra o aumento da passagem nos transportes coletivos ocorridas em Natal (RN) ampliaram questões que diariamente são debatidas nas paradas de ônibus: a superlotação, a insuficiência da frota, atrasos nos horários, a falta de circulação de ônibus nos horários após ás 23h, a dupla função dos motoristas (o mesmo sendo cobrador e condutor do ônibus), a não existência do passe livre estudantil, e claro, o abuso do valor da tarifa, se comparado a falta de qualidade do serviço.
Foram três semanas de grandes mobilizações protagonizadas pela juventude na #Revolta do Busão! Dias em que a população natalense discutiu amplamente sobre o seu direito de ir e vir com protestos que contaram com mais de mil pessoas. A reivindicação sobre o abuso desse aumento – que superou os índices de inflação – foi propagada por toda a cidade no sentido da não aceitação desse reajuste. Apesar da forte truculência policial e das mais diversas formas de repressão e violência, a população não se intimidou.
Vale lembrar, que o aumento da tarifa foi estabelecido devido ao desequilíbrio financeiro que as empresas no setor tem sofrido. Ou seja, os empresários do setor de transporte que dominam a concessão das linhas de ônibus na cidade entraram em crise e, quem pagaria mais essa conta seria a população que sofre com os descasos desse serviço no dia a dia. A conivência da SEMOB, secretaria municipal de mobilidade que acatou de imediato tal proposta empresarial, também chamou a atenção nesse processo e nos protestos, onde foi denunciada a passividade da secretaria e a falta de propostas para este serviço.
Linhas voltam a disponibilizar integração temporal
A novidade foi a suspensão da opção de Integração Temporal (aqui ardilosamente chamada de “Passe Livre”), em que o usuário do transporte pode utilizar a mesma passagem em mais de um ônibus no período de 10 a 60min após o primeiro uso. Essa atitude, como também o anterior reajuste da tarifa, partiu do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos do Município de Natal (Seturn) em represália a revogação do aumento, no sentido de dar conta da sua crise às custas do cidadão.
Diante disso, a juventude mais uma vez foi às ruas, convocando a população a não aceitar mais esse abuso, e após muita luta, conseguimos que a opção de Integração Temporal fosse reestabelecida pelos transportes de ônibus.
Há cerca de 30 anos existe a concessão dos serviços de transporte urbanos no município de Natal. Neste período pouco foi discutido sobre uma real Política de Mobilidade Urbana para a cidade. As questões que são colocadas são sempre da parte dos empresários que dominam este serviço (não só na cidade, mas em outros estados), e só existem quando se fala em aumento da tarifa no sentido da conveniência da relação prefeitura – empresários, e nunca da relação cidadãos/prefeitura/empresários. Esse modelo privatizante está fadado e resultando em crises que sobrecarregam e exploram o trabalhador/usuário do serviço.
Nunca foi debatido o lucro dos empresários, as planilhas de custos, organização do serviço e alternativas que em outras cidades são realidades como: Integração das passagens pagas nas cidades que compõe a região metropolitana; A obediência aos artigos 10 e 11 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação que versam sobre o Passe Livre estudantil ser de responsabilidade do município e do estado; Passe Livre para desempregados e portadores de doenças crônicas; Tarifa Social (todos pagam meia passagem certo dia da semana); Linhas de ônibus que percorram toda a cidade e em vários horário do dia e da noite; Ampliação dos terminais de integração, entre outros.
Com Brasil de Fato e Levante Popular da Juventude (Natal-RN)