Liu Junhong: As ilhas Diaoyu e a escolha errada do Japão

O texto a seguir foi escrito por Liu Junhong, diretor do Centro de Pesquisa sobre Globalização do Instituto de Pesquisa sobre Relações Internacionais Modernas da China e publicado no site da Rádio Internacional da China.

O dia 29 de setembro marcará o 40º aniversário da normalização das relações diplomáticas entre China e Japão. Porém, a disputa pelas ilhas Diaoyu pelo governo japonês colocou uma sombra pesada na data que deveria ser celebrada. A gente se pergunta: por que o relacionamento sino-japonês está preso no ciclo vicioso de conflitos entre o passado e o presente, depois de 40 anos de convivência, comunicação e contatos? Na minha opinião, a origem dos conflitos deve-se ao fato de que o Japão nunca erradicou as ideias erradas sobre a História e a Ásia. Diante da alteração da situação internacional, aparece logo uma corrente contra a amizade sino-japonesa.

A China e o Japão são vizinhos próximos. Desde muito cedo, começaram os contatos e as diferentes culturas se encontraram e se misturaram, fazendo com que uma influenciasse a outra. As economias das duas nações são dependentes entre si. Relembrando a história centenária do relacionamento bilateral, jamais podemos esquecer do caminho à potência depois da Guerra Jiawu, nem da invasão fascista lançada pelo militarismo japonês contra a Ásia. Também não podemos tirar das nossas memórias o caminho à paz do Japão após a Segunda Guerra Mundial, assim como a amizade sino-japonesa selada por ambos os países desde 1972.

Refletir sobre a história e olhar para o futuro é o princípio básico do desenvolvimento das relações sino-japonesas. Tanto a China quanto o Japão têm sustentado a ideia de amizade desde 1972, que serve de precondição para a normalização das relações bilaterais. O Tratado de Paz e Amizade assinado em 1978 declarou a não-guerra entre os dois países e registrou a relação entre ambos. A Declaração Comum Sino-Japonesa firmada em 1998 e a Declaração Conjunta para criar a parceria estratégica benéfica em 2008 sustentaram o desenvolvimento das relações com base em interesses comuns.

Porém, forças direitistas do Japão adotaram ideias de superioridade racista e sistemática, aplicaram linhas duras na diplomacia, disputaram recursos e mercados. Tais atitudes sempre trouxeram tempestades ao relacionamento sino-japonês. Em meados dos anos 80, o ex-primeiro-ministro japonês, NakasoneYasuhiro visitou o Templo Yasukuni, no 40º aniversário da derrota japonesa na 2ª Guerra Mundial, provocando um tufão no relacionamento bilateral. No novo século, o incidente do 11 de setembro nos Estados Unidos mostrou os riscos da política geográfica, provocando dúvidas sobre a segurança de investir em Nova Iorque. Por outro lado, com a integração da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) e seu contínuo crescimento econômico, investir na China virou a nova moda do século. Neste contexto, o governo de Koizumi Junichiro visitou com frequência o Templo Yasukuni, resultando na suspensão das visitas mútuas de líderes chineses e japoneses. O relacionamento político entre os dois países caiu num momento péssimo da história. Agora, o partido democrático japonês tomou posse e a economia chinesa ultapassou a japonesa. Ao mesmo tempo, o foco estratégico dos EUA se voltou para a região da Ásia-Pacífico. A ambição do Japão de liderar a ordem do Leste Asiático vem sendo frustrada. Nestas circunstâncias, o governo de Yoshihiko Noda decidiu arriscar e brincar com fogo nas ilhas Diaoyu.

A troca de posição econômica chinesa e japonesa e o contraste da tendência do desenvolvimento estratégico agravaram a preocupação dos políticos japoneses. Por isso, negar a amizade sino-japonesa, adotar uma política direitista, limitar a transferência tecnológica, diminuir o investimento na China, arruinar a economia chinesa e até reascender os conflitos territoriais tornaram-se escolhas políticas.

É visível que a política direitista é uma decisão errada sobre a tendência do desenvolvimento mundial, regional e chinês. Vai contra a corrente da época e a considero como uma miopia estratégica. O resultado é sem dúvida cavar a própria cova e cair em isolamento estratégico.

Fonte: Rádio Internacional da China