BC: cresce expectativa de Selic estável em 7,5% em 2013

A quantidade de investidores que esperam estabilidade da taxa básica de juros em 7,5% neste ano e ao longo de 2013 cresceu, segundo sinalizam os negócios na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) e a pesquisa do Banco Central com o mercado por meio do Boletim Focus.

Na BM&F, os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2013 cederam nesta segunda-feira (1°) para 7,25% ante 7,26% na sexta-feira. Na mesma comparação, o janeiro de 2014 caiu de 7,71% para 7,66%.

O contrato de janeiro de 2013 sinaliza o que mercado espera após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana que vem. Há uma divisão entre investidores que apostam que o BC manterá a Selic em 7,5% e o que esperam corte de 0,25 ponto percentual antes do fim do ciclo de baixa nos juros iniciado quando a Selic estava em 12,5%.

Os contratos que vencem em janeiro de 2014 refletem apostas para os juros ao longo de 2013. Esse contrato abriu setembro projetando taxa de 7,82% para chegar aos 7,66% de ontem. Esse movimento também ocorreu no levantamento do Boletim Focus: a Selic projetada para dezembro de 2014 cedeu de 8,25% na pesquisa anterior para 8% no dado divulgado ontem.

Segundo a equipe econômica da Federação Brasileira dos Bancos, há pelo menos dois fatores que explicam o fato de o mercado projetar cenário de Selic inalterada, mesmo com uma inflação projetada mais alta para 2013.

Para os economistas da entidade, o BC trabalha com uma estimativa de redução maior de preços administrados que o mercado. Além disso, apontam, o cenário de 2013 parece que vai mesmo combinar uma recuperação moderada na atividade doméstica com um ambiente externo ainda bem pouco favorável.

Para o economista-chefe da Planner Corretora, Eduardo Velho, o ajuste para baixo nos juros projetados na BM&F está em linha com um cenário de estabilidade da Selic em 2013 e maior utilização de outros instrumentos macroprudenciais para evitar um eventual surto de inflação fora da meta.

No Focus, a Selic projetada para dezembro deste ano ficou estável em 7,5%, a mediana para o IPCA em dezembro próximo passou de 5,35% para 5,36%, e a estimativa para o IPCA no fim de 2013 cedeu de 5,50% para 4,48%.

Ontem, o dólar comercial fechou em leve baixa, após passar a maior parte da sessão estável. Mais uma vez operadores evitaram forçar grandes oscilações, por acreditarem que isso aumenta as chances de novas intervenções do Banco Central no câmbio. O sinal negativo ao fim do dia foi garantido em parte pelo vencimento de US$ 255 milhões em swaps cambiais reversos colocados pelo BC.

A variação do dólar ontem não passou de R$ 0,05 entre a mínima e a máxima do dia. Para André Ferreira, diretor de câmbio da corretora Futura, a volatilidade está praticamente eliminada do mercado, com operadores resignados com a vontade do BC de manter o dólar entre R$ 2 e R$ 2,05. "O pessoal está meio com medo de testar o BC."

Com a não-rolagem dos swaps reversos ontem, o BC passa a ter US$ 2,99 bilhões a vencer em 1º de novembro. No mercado, a expectativa é que a autoridade monetária faça a rolagem desses contratos antes do fim do mês para evitar pressão de baixa no vencimento.

Fonte: Valor Econômico