Garcia Linera: a democracia é um processo inacabado
O vice-presidente boliviano Álvaro García Linera afirmou nesta quinta (4) que a democracia é um processo inacabado, motivo pelo qual disse que cada geração irá construindo um novo entendimento, perspectiva e significado.
Publicado 04/10/2012 10:46
"Eu me atrevo a dizer que tudo vai depender do sujeito social encarregado, pois o conceito de democracia varia em função dos sujeitos e das perspectivas históricas dos entes dominantes e dirigentes em uma sociedade em um dado momento", explicou.
O vice-presidente fez estas declarações na madrugada desta quinta-feira, no marco de um ciclo de palestras denominado "30 anos – Democracia, sociedade e política", organizado pela Universidade Católica Boliviana de Cochabamba.
Ele destacou a possibilidade de se fazer uma revolução na democracia, como ocorre desde 2006 com a chegada de um indígena à Presidência da Bolívia. "O que vem acontecendo na nação é a mais importante transformação em 450 anos", manifestou.
Ele agregou que o fato de um indígena ser presidente é a mudança mais radical do país, em uma sociedade profundamente racista, na qual ainda se acha que a cor da pele e o sobrenome é a chave para ter acesso a privilégios.
Linera apontou que a Bolívia está em um momento de transformação e enriquecimento de uma democracia que se entende em função dos sujeitos sociais dominantes da sociedade.
"Se revisarmos estes últimos 30 anos, veremos uma transformação, uma modificação, um enriquecimento do que se entende como democracia em função dos sujeitos sociais dominantes e dirigentes da sociedade", disse.
Ele indicou que a ideia deve ser entendida a partir da mudança do sujeito articulador da sociedade, o que muda o conceito legítimo, reconhecido e aceitado como correto pelo debate acadêmico, político e intelectual.
Nesse contexto, mencionou que, de 2000 em diante, ocorreu a emergência do ator plebeu urbano e indígena camponês como portador de uma vontade política estatal, pondo em vigência outro entendimento do democrático, a partir do participativo e do comunitário.
García Linera lembrou que para a geração contemporânea é um começo, um passo mínimo, a partir do qual as ideias que apareçam no futuro da sociedade estarão baseadas no democrático.
Nesse sentido, valorizou que a nova geração de pessoas trabalhe pelo futuro da Bolívia a partir do democrático como herança imprescindível para ir além, com exceção de pequenos e reduzidos núcleos.
Disse que o processo melhorará, se transformará, qualificará, enriquecerá, mas partirá desse primeiro passo mínimo imprescindível para a construção de um novo horizonte.
Fonte: Prensa Latina