Audiência pública na UnB discute morte de Anísio Teixeira

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) e a Comissão Memória e Verdade Anísio Teixeira da Universidade de Brasília (UnB) realizaram na manhã desta terça-feira (6/11), no auditório do Memorial Darcy Ribeiro, uma audiência pública temática sobre o caso do reitor Anísio Teixeira, que morreu em circunstâncias suspeitas no Rio de Janeiro, em 1971, durante o regime militar.

No evento, a família de Anísio Teixeira entregou às duas comissões e apresentou ao público um dossiê inédito sobre as circunstâncias da morte do educador e as perseguições que ele sofreu no regime militar. A entrega e apresentação foram feitas pelo filho do educador Carlos Teixeira, que assina o documento. O material contém elementos colhidos pelos familiares ao longo de anos de investigações.

Na ocasião, estiveram presentes o biógrafo de Anísio, professor João Augusto da Rocha, e o ex-deputado Haroldo Lima, sobrinho do educador. Durante a audiência, Anísio também foi lembrado por fotos e pela exibição do documentário "Anísio Teixeira: educação não é privilégio”.

As duas comissões assinaram termo de cooperação para que possam trabalhar conjuntamente. A Comissão Nacional da Verdade tem firmado parcerias com outras comissões da verdade, sejam estaduais ou institucionais, como comissões abertas por universidades e organizações classistas, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por exemplo.

Com o evento, ambas as comissões pretendem sensibilizar o público universitário para a busca pela verdade sobre o regime militar, que tanto prejudicou a educação brasileira. Vários dos mortos e desaparecidos durante a ditadura eram estudantes universitários. A Comissão Nacional da Verdade estima em 300 o número de alunos de universidades que sumiram durante o período.

Além disso, professores, pesquisadores e funcionários das universidades públicas brasileiras foram monitorados e perseguidos por terem posições diferentes das do regime e a Comissão Nacional da Verdade pediu informações aos reitores de 81 universidades sobre esses casos.

Pela Comissão Nacional da Verdade, estiveram presentes o coordenador Cláudio Fonteles e o professor Paulo Sérgio Pinheiro. O reitor da UnB, José Geraldo de Souza Júnior, foi o anfitrião da audiência. Todos os 11 membros da Comissão da Verdade Anísio Teixeira, da UnB, estavam presentes.

Câmara Federal

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) requereu à Comissão de Educação e Cultura, em agosto deste ano, audiência pública para discutir as denúncias feitas pela Comissão de Memória e Verdade da Universidade de Brasília (UnB) sobre o suposto assassinato de Anísio Teixeira por agentes da ditadura militar.

Titular de duas comissões que tratam da qualidade da educação pública no país (PL803510 e PL742006), Alice Portugal considera da maior relevância a elucidação das circunstâncias da morte daquele que defendia o ensino público, gratuito, laico e obrigatório. “Considerando-se a importância do educador Anísio Teixeira para a educação brasileira, é da maior relevância que a Comissão de Educação e Cultura promova uma sessão de audiência pública em parceria com a Comissão de Direitos Humanos e Minorias para discutir as novas evidências relacionadas com o possível assassinato do educador baiano”, afirmou.

A deputada requereu que participassem da audiência o filho de Anísio Teixeira, Carlos Antônio Teixeira; o professor João Augusto de Lima Rocha; a ministra da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes, e o reitor da UnB, professor José Geraldo de Sousa Junior.

Fonte: Ascom/gabinete da deputada Alice Portugal