Chefes de grupo criminoso são isolados em presídio

O governo de São Paulo transferiu ontem dois integrantes da facção criminosa PCC para um presídio de segurança máxima. A remoção ocorreu após investigação da Polícia Federal descobrir que eles comandavam ações criminosas de dentro da prisão onde estavam.

Entre os presos está um dos principais bandidos da facção, Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka. O outro é Alexandre Campos dos Santos, o Jiló, acusado de ser um dos tesoureiros do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Santos era companheiro de cela de outro cabeça do PCC, Roberto Soriano, o Betinho Tiriça, que só não foi transferido porque já está no presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes.

Soriano foi transferido em maio deste ano porque, segundo a Promotoria e a polícia, foi flagrado enviando um bilhete com o nome de seis policiais militares da Rota que deveriam ser mortos.

Segundo membros da Promotoria e da Justiça, a investigação da PF, realizada no começo deste ano, tinha como alvo o tráfico de drogas, mas acabou chegando ao PCC por meio de interceptações telefônicas. Não foi informado se Vida Loka e Jiló foram flagrados nessas conversas telefônicas.

A transferência dos dois não tem ligação com a parceria anunciada anteontem pelos governos federal e paulista para o combate ao crime organizado, que prevê a remoção de presos da facção para outros Estados.

A partir da parceria, foi determinada a transferência de Antonio Cesário da Silva, o Piauí, ligado ao PCC, para um presídio federal. Ele teria comandado a morte de seis policiais militares neste ano.

A transferência de presos do PCC para o regime disciplinar diferenciado de Presidente Bernardes só é adotada em casos extremos.

Para policiais, magistrados e promotores, a movimentação dos chefes da fação para esse regime de isolamento pode provocar um acirramento na violência hoje vivida no Estado.

A transferência de presos da facção é apontada como um dos motivos para a série de ataques contra as forças de segurança em 2006, quando mais de 500 pessoas foram mortas nas ruas de São Paulo, entre elas agentes penitenciários e policiais.

Procuradas, as secretarias da Segurança e da Administração Penitenciária não comentaram o assunto.

Fonte: Folha de S. Paulo