China: BC celebra 'retomada', mas recomenda cautela
O presidente do Banco Central da China, Zhou Xiaochuan, disse neste domingo (11), durante o Congresso do Partido Comunista, em Pequim, que as autoridades chinesas ainda estão cautelosas em relação às perspectivas econômicas do país, mesmo após uma recente retomadas nas exportações. Ele afirmou que o país ainda sente os efeitos de "uma crise de cinco anos".
Publicado 12/11/2012 08:57
"De uma maneira geral, nossos controles macroeconômicos têm sido bem sucedidos", disse ele em um pronunciamento, afirmou Xiaochuam. "Mas, claro, a crise financeira não terminou, e tornou-se uma crise da dívida na Europa, e, assim, nós ainda continuamos a enfrentá-la."
As exportações da China se aceleraram no mês de outubro, e o superávit comercial do país saltou para US$ 32 bilhões, o mair em quase quatro anos, segundo relatório da última sexta-feira. Os embarques chineses tiveram alta de 11% no mês, contra uma alta de 2,4%, mesmo índice registrado em setembro.
"Com base nos dados, sinais de aparente estabilidade econômica e recuperação emergiram em setembro e outubro", disse Zhou, líder da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma na sexta-feira, durante o congresso. "Mas nós ainda não podemos relaxar e nossa análise conclui que as fundações para uma recuperação ainda não estão completas."
Enquanto a melhora é mais um sinal de que a próxima geração de líderes pode se beneficiar de uma economia em fortalecimento, o ministro do Comércio, Chen Deming, disse que as perspectivas para as exportações são "ameaçadoras", e o chefe de planejamento econômico, Zhang Ping, também afirmou que a recuperação do país precisa de fundações mais sólidas.
Segundo ele, o país precisa se preparar para desafios mais prolongados, como as turbulências geradas pelo endividamento em outros países e um lento crescimento global, enquanto soluciona seus problemas domésticos.
"As lideranças políticas estão provavelmente tentando minimizar a recente retomada [das exportações] antes de mais nada por causa de preocupações com riscos na demanda externa", afirmou Helen Qiao, economista em Hong Kong para o Morgan Stanley. "Tendo em vista a necessidade de desalavancagem nos Estados Unidos e na Europa nos próximos três a cinco anos, é difícil ficar superotimista."
Segundo o economista-chefe para China da Nomura Holdings em Hong Kong, Zhang Zhiwei, as políticas de estímulo adotadas pelo governo ajudarão a economia a crescer acima de 8% neste trimestre e no primeiro semestre do ano que vem.
Dados da produção industrial, de investimentos em ativos fixos e das vendas no varejo aceleraram em outubro, sinalizando que o crescimento econômico pode superar os 7,5% estipulados pelo premiê Wen Jiabao como meta para este ano. Segundo Zhang, a China está confiante de que crescerá "pelo menos" esses 7,5%.
"Nós ainda estamos cautelosos, mas o robusto crescimento das exportações de cerca de 10% por dois meses consecutivos pode mesmo indicar uma verdadeira retomada", disse Lu Ting, economista para China do Bank of America.
Fonte: Valor Econômico