China: BC celebra 'retomada', mas recomenda cautela

O presidente do Banco Central da China, Zhou Xiaochuan, disse neste domingo (11), durante o Congresso do Partido Comunista, em Pequim, que as autoridades chinesas ainda estão cautelosas em relação às perspectivas econômicas do país, mesmo após uma recente retomadas nas exportações. Ele afirmou que o país ainda sente os efeitos de "uma crise de cinco anos".

"De uma maneira geral, nossos controles macroeconômicos têm sido bem sucedidos", disse ele em um pronunciamento, afirmou Xiaochuam. "Mas, claro, a crise financeira não terminou, e tornou-se uma crise da dívida na Europa, e, assim, nós ainda continuamos a enfrentá-la."

As exportações da China se aceleraram no mês de outubro, e o superávit comercial do país saltou para US$ 32 bilhões, o mair em quase quatro anos, segundo relatório da última sexta-feira. Os embarques chineses tiveram alta de 11% no mês, contra uma alta de 2,4%, mesmo índice registrado em setembro.

"Com base nos dados, sinais de aparente estabilidade econômica e recuperação emergiram em setembro e outubro", disse Zhou, líder da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma na sexta-feira, durante o congresso. "Mas nós ainda não podemos relaxar e nossa análise conclui que as fundações para uma recuperação ainda não estão completas."

Enquanto a melhora é mais um sinal de que a próxima geração de líderes pode se beneficiar de uma economia em fortalecimento, o ministro do Comércio, Chen Deming, disse que as perspectivas para as exportações são "ameaçadoras", e o chefe de planejamento econômico, Zhang Ping, também afirmou que a recuperação do país precisa de fundações mais sólidas.

Segundo ele, o país precisa se preparar para desafios mais prolongados, como as turbulências geradas pelo endividamento em outros países e um lento crescimento global, enquanto soluciona seus problemas domésticos.

"As lideranças políticas estão provavelmente tentando minimizar a recente retomada [das exportações] antes de mais nada por causa de preocupações com riscos na demanda externa", afirmou Helen Qiao, economista em Hong Kong para o Morgan Stanley. "Tendo em vista a necessidade de desalavancagem nos Estados Unidos e na Europa nos próximos três a cinco anos, é difícil ficar superotimista."

Segundo o economista-chefe para China da Nomura Holdings em Hong Kong, Zhang Zhiwei, as políticas de estímulo adotadas pelo governo ajudarão a economia a crescer acima de 8% neste trimestre e no primeiro semestre do ano que vem.

Dados da produção industrial, de investimentos em ativos fixos e das vendas no varejo aceleraram em outubro, sinalizando que o crescimento econômico pode superar os 7,5% estipulados pelo premiê Wen Jiabao como meta para este ano. Segundo Zhang, a China está confiante de que crescerá "pelo menos" esses 7,5%.

"Nós ainda estamos cautelosos, mas o robusto crescimento das exportações de cerca de 10% por dois meses consecutivos pode mesmo indicar uma verdadeira retomada", disse Lu Ting, economista para China do Bank of America.

Fonte: Valor Econômico